sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Poemas das Sextas de FInal

“no escurinho do cinema
chupando drops de anis
longe de qualquer problema
perto de um final feliz...”

Uma trova cinematográfica de

RITA LEE!

E hoje é dia de apresentarmos os 12 poetas finalistas!

Um salve para esses guerreiros!

         Sejam bem-vindos a mais um post repleto de lindos poemas. Hoje, teremos trova? Sim! E poemas sobre cinema? Claro!
         Seis duelos emocionantes. Duríssimos! Quem serão os seis vencedores?
         Também fizemos algumas entrevistas curtinhas com os poetas finalistas e com os que já deixaram a competição. Mais adiante, vocês verão o que eles disseram a respeito do concurso!
         Antes, para amenizar toda essa ansiedade, tomemos conhecimento dos desafios do TERCETO FINAL, que será a antepenúltima etapa do concurso. Prestem bem atenção, poetas: sabendo ou não como ficarão as sextas de final, sugerimos que já vá pensando no próximo desafio!

DESAFIOS DO TERCETO FINAL

1º DESAFIO: Deixem emanar a criança que existe dentro de vocês e escrevam um poema com a temática “POESIA INFANTO-JUVENIL”. Ou seja: um poema dirigido para este público! Não há limite de páginas, nem de caracteres. O conteúdo é livre, desde que obedeça ao estilo proposto.



2º DESAFIO: Escrevam um LIMERIQUE VOLTADO PARA O PÚBLICO INFANTO-JUVENIL, respeitando as regras inerentes à feitura deste gênero. Por favor, sigam esta cartilha, uma explicação bastante didática:



- Quatro jurados julgarão os poemas infanto-juvenis.
- O julgamento dos limeriques valerá 01 ponto no duelo. Portanto, caprichem!

Os poemas devem ser enviados até domingo, dia 16 de novembro, às 22 horas, para o e-mail do concurso.

SOBRE O TERCETO FINAL

         No terceto final, três poetas se classificarão automaticamente para a semifinal. O quarto poeta será repescado, conforme já consta na tabela a ordem. A repescagem será feita através dos resultados. O poeta que tiver sido derrotado com maior dificuldade pelo seu oponente, será o repescado. Em caso de empate nesse quesito (ex: dois poetas perderam por 3 a 2), será analisado o desempenho da fase anterior (sextas de final); e assim por diante.

MAPA DO CONCURSO

Vejamos, agora, como ficou o mapa de representatividade nas sextas de final do concurso!




PREMIAÇÃO DA RODADA

O poeta que vencer pelo placar “mais elástico” nas sextas de final receberá, da poeta Letícia Simões, cineasta e vencedora do II Concurso de Poesia Autores S/A: 1 DVD do “Bruta Aventura em Versos” (documentário sobre Ana Cristina Cesar); 1 DVD de “Tudo vai ficar da cor que você quiser” (documentário sobre Rodrigo de Souza Leão) e 3 DVDs com os curtas de Letícia Simões (“Um domingo no MAM”, sobre um encontro de artes plásticas no MAM-RJ, “a geografia é algum lugar entre o coração e aquilo que já foi”, o doc-ficção premiado no Curta Vale; “cesariny c'est moi”, um curta-poema a partir de Mário Cesariny, e “nomos”, um curta documental a partir de uma escola abandonada em SP.

ENTREVISTAS

1 - O que foi participar do III Concurso de Poesia Autores S/A? Qual o maior ganho, a maior perda, o ponto positivo, o negativo? Teria algo a dizer dos jurados? 

Raimundo de Moraes: A proposta do Concurso Autores S/A é bastante interessante, parece um campeonato de futebol. Talvez seja oportuno repensar as possibilidades de "repescagem", que pode ser favorável para alguns, mas cansativo para outros - prolongando o certame além do período estipulado. Como todo concurso que reúne um grande número de jurados, é natural que surjam opiniões equivocadas e julgamentos confusos. Mas faz parte.

Hugo César: A participação do concurso foi mais um dos poucos desafios, até agora, para mim - como iniciante nesse mergulho incerto da arquitetura das palavras. Não consegui atracar no porto final, mas a navegação, a cada etapa, abriu-me os olhos e braços para novas e curiosas marés. 

Desirée Jung: Eu adorei participar do concurso, é bom estar exposto a outros autores. Particularmente, acho que o excesso de etapas dificulta um pouco o processo, para mim, pois fica parecendo um reality show. Não sei se gosto desta dinâmica. De qualquer forma respeito a escolha da organização, e acho que cada poeta tem uma forma de se expressar e produzir. Para mim isto e complicado, pois não sei se consigo compor com tanta rapidez e tantos poemas. Mas imagino que seja uma das razões porque certos poetas avançam e outros não, cada um tem uma maneira de lidar com os desafios.

Marília Lima: Participar do concurso foi uma experiência muito interessante e diferente de todos os concursos que eu já havia participado. Para mim não acho que houve alguma perda. Acho que quando temos um curto tempo para elaborar um poema, quando temos que elaborar algo como "sob encomenda" e não a partir de um impulso natural é quando aprendemos a nos superar e a lidar com nossas limitações.
 De negativo, penso que talvez a etapa da elaboração do haikai foi um pouco frustrante para mim, pois havia sido frisado a importância de se seguir a métrica e, ao final, o jurado não considerou a métrica como algo essencial, já que alguns poetas que não a haviam seguido alcançaram pontos mais altos do que outros que se preocuparam com esse detalhe. Considero o julgamento dos jurados sempre relativo, mas achei que alguns jurados se colocaram de modo muito pessoal, ao dizerem coisas como, "não gosto de poemas com temas mórbidos". Creio que o julgamento tem que ser o mais impessoal e analítico possível. De modo geral, os jurados eram competentes e fizeram boas análises.

Andressa Barrichello: Participar do Autores S/A foi só alegria. O concurso não honra apenas o vencedor final, mas um grande número de poetas os quais durante o certame tem a oportunidade de ter o seu trabalho lido e comentado pelos colegas concorrentes e pelos jurados. Um imenso incentivo para que a produção não pare e uma ótima oportunidade para encontro com nossos pares e com todos os cultores da poesia.


Francisco Ferreira: Uma boa experiência, um pouco mais frustrante do que as anteriores. O ganho maior é sempre a interação e o conhecer poetas maravilhosos. A perda: nunca existiria, num evento como este.  Ponto positivo: o grande número de bons concorrentes. Ponto negativo: a fórmula de eliminatórias, como foi no primeiro.  Prefiro o formato do anterior (o segundo), pois acredito que permite a grandes poetas, em um mau momento, se recuperarem ao longo do concurso. Sobre os jurados: em vários momentos, foram sucintos demais em seus comentários e isto, às vezes, fere a sensibilidade poética de alguns autores.

André Anlub: Muito gratificante e instrutivo. Não era muito chegado a esse formato de concursos e por isso não participava. Esse foi o primeiro que participei.



2 - Temos 12 fortes candidatos na disputa pelo título do concurso. Qual desses poetas é, a seu ver, o grande favorito da competição, considerando o que veio apresentando até agora? 

Raimundo de Moraes: Creio que passar pelo funil de mais de 500 poetas inscritos já torna os 12 semifinalistas favoritos para o primeiro lugar.

Desirée Jung: Gosto muito do poeta Ricardo Thadeu.

Hugo César: Não é uma resposta das mais fáceis. Mas, André Oviedo e Maria Amélia Elói têm uma força que, em algum momento me paralisaram os olhos.

Marília Lima: Creio que um concurso não mede o talento de um poeta, como sempre digo, mas os finalistas apresentaram bons trabalhos, sem dúvida! Sempre acontecem algumas, não digamos injustiças, mas surpresas, por exemplo, na verdade, gostei do trabalho de alguns que não chegaram ao final, como, por exemplo, André Kondo. Por outro lado, fiquei muito feliz com a volta e a colocação entre os finalistas do poeta André Oviedo, cujo trabalho muito me agrada! Todos têm suas qualidades, mas, por afinidade, torço por Herton Gustavo Gomes pela vivacidade de suas poesias, pelas imagens que saltam delas, são poesias exatas para serem lidas em voz alta.

Andressa Barrichello: É difícil dizer, creio que não há um favorito, como pudemos ver a partir da variação de notas. Gosto da Natasha Felix, acho que representa uma nova geração e com pouca idade produz uma poesia livre.


Francisco Ferreira: Pela qualidade demonstrada até o momento, qualquer um pode levar o título.

André Anlub: Acho que fico com a Natasha Félix, pela sensibilidade. Mas vai ganhar quem for mais "malandro" (no bom sentido)

3 - Teria alguma mensagem para deixar para os 12 poetas finalistas? 

Raimundo de Moraes: Gostei do astral do grupo, das preocupações de alguns em acertar e se classificar, da simpatia de Lohan, de alguns convidados no corpo de jurados - como Leila Míccolis, Susanna Busato, Noemi Jaffe, Claudio Willer - grandes nomes da literatura nacional. Mas nessa fase final espero que todos estejam conscientes que nem sempre um bom texto contará pontos positivos. A sorte ajuda muito também. Então: boa sorte a todos, muita paz, muita poesia. :)

Desirée Jung: Obrigada pela oportunidade de descobrir tantos talentos. Desejo sorte a todos. Abraços!

Hugo César: Arregacem as mangas, ou melhor, se desfaçam das roupas; e se joguem nesse mar imenso, como se fosse o último mergulho

Marília Lima: Que desfrutem de cada desafio que ainda esteja por vir, sempre com bom humor, sem se deixar abater caso não ganhem. Por outro lado, que tenham a certeza de o que vale é exatamente a adrenalina para fazer o próximo poema a tempo, conhecer o trabalho de outros poetas, saber ouvir as críticas positivas e negativas, e aprender, ao fim de tudo isso, que tudo é relativo e que o principal ganho foi a própria participação.


Andressa Barrichello: Boa sorte a todos vocês e continuem a investir na palavra, princípio de tudo e possibilidade de construção de um lugar neste mundo!

Francisco Ferreira: Boas escritas e que vença a poesia. 

André Anlub: Na sua caminhada, para cada dedo apontado pra você, aponte um lápis.

SOBRE FAVORITOS... PELOS FAVORITOS!

Cinthia Kriemler: Eu acho que Maria Amélia Elói é um dos favoritos para ganhar o concurso. E não gostaria de enfrentá-la numa final. Mas quero registrar que acho que há mais favoritos.

André Oviedo: Quem tenho medo de enfrentar é a quase imbatível Maria Amélia Elói. Escreve lindamente e é muito consciente do que diz.

Ricardo Thadeu: Cinthia Kriemler. Tem sido regular nos poemas e notas dos jurados desde o começo.

Jorge Augusto:
Acho que no concurso não dá para avaliar um poeta. As condições de produção são muito específicas. Numa semana você acerta um poema muito bom e na outra não passa nem perto. Acho que o critério da regularidade é o único possível, mas isso negligencia o que talvez seja mais caro na poesia, o acerto. Às vezes, um poema acertado vale mais que muitos medianos, sustenta um livro. Em suma, acho que a Cinthia Kriemler e o Ricardo Thadeu são bem constantes. Não erram poemas, não facilitam na escrita. Essa indicação é arbitrária também, porque a gente não lê tudo no blog, pelo tempo, nem lembra tudo que leu. Mas do que lembro e li, é isso ai.

Bianca Velloso: Natasha Félix, esta menina pra mim é a favorita, a mais nova de todos, e a que coloca o dedo na ferida.

Herton Gomes: Meu candidato favorito é o André Oviedo. Gosto do açúcar na medida presente em seus poemas. Da melodia, da textura, do timbre, do som, da levada, da cor dos seus versos, simples e pontuais. Acertam em cheio o meu coração e às vezes me arrisco a acreditar que André bebe de uma fonte semelhante a minha: o amor. O amor que se foi. E que ficou. Posso estar enganado. E talvez nisso habite a grande força da poesia dele. Em me fazer crer que ele escreve por mim, em meu nome, tecendo os meus sentimentos com os acordes que me emocionam. Mas o candidato que eu mais temia enfrentar é justamente o que estou enfrentando nessa rodada. Adalberto do Carmo foi elogiado durante todo o concurso por seu poder de síntese, de concisão. Ele é exato. Matemático, sem deixar de ser lírico. E honestamente estou preparado para deixar o concurso, pois duvido que minha poesia extensa, e repleta de clichês e lugares comuns (sim, com muito orgulho) seja capaz de vencer sua poesia madura, enxuta e sofisticada. Então seja o que os deuses da poesia quiserem!

Simone Prado: Acho que o Jorge Augusto seja o favorito porque mantém uma linha poética muito interessante desde o início do concurso.

Adalberto Carmo: Como aposto na força do NOVO - meus votos vão pra Natasha Felix, que chamou minha atenção em várias etapas do concurso pela contundência lírica. 

Natasha Félix: Bianca Velloso é uma das minhas favoritas desde o início. Encarar uma possível disputa com ela seria complicado. E uma honra. 

Maria Amélia Elói: A Cinthia Kriemler me mete muito medo. Nunca a vi perder desafios literários.

Georgio Rios: Por ser um grande poeta, e acarretando a esta premissa, por sermos, quase irmãos, parceiros de empreitadas poéticas, e cinematográficas, não gostaria de enfrentar Ricardo Thadeu.

Francisco Carvalho: Não diria a favorita, mas dos 12 candidatos finalistas um dos trabalhos com a palavra que mais admiro é o da poeta Bianca Velloso.

 HORA DAS TROVAS!

Escrever uma trova não é tão fácil. Regras devem ser respeitadas. Como será que os poetas se saíram? Vejamos!



DUELO 01: Adalberto Carmo X Herton Gomes

Trova de Adalberto Carmo

Canta: que n'alma do povo
Há mais fé & menos drama
Pois lhe custa mais a cama
Ao café que empurra o ovo.

Trova de Herton Gomes

Jantar você foi uma delícia
mas não quero indigestão:
minha tara não é carícia
minha fome não é paixão.

DUELO 02: Simone Prado X Bianca Velloso

Trova de Simone Prado

o mar que tanto se irrita
com navegantes do mundo
é o mar que no abismo habita
o sal da vida fecundo.

Trova de Bianca Velloso

porque não creio em certezas
também duvido da morte
entrego-me à beleza
só a poesia é meu norte.

DUELO 03: Maria Amélia Elói X Georgio Rios

Trova de Maria Amélia Elói

Me belisca a fantasia
Pra atiçar um novo conto
Subo à cela, há poesia
Nessa tal de ideia eu monto

Trova de Georgio Rios

Trinando aquelas certezas
Coisas que me deve a lida
Carrego o ar das belezas
Da sinfonia desta vida


DUELO 04: Francisco Carvalho X Cinthia Kriemler

Trova de Francisco Carvalho

néctar que me bebe e lavra,
engole-me a linguaruda,
ela, a cútis da palavra:
a fêmea que me desnuda.

Trova de Cinthia Kriemler

Se proteges a criança
Com amor e educação 
Vais garantir mais pujança 
Ao futuro da nação.

DUELO 05: Ricardo Thadeu X Jorge Augusto Silva

Trova de Ricardo Thadeu

Adornaste teu olhar
Com a pura maresia;
Eu, bebendo deste mar,
Afoguei-me em agonia.

Trova de Jorge Augusto Silva

uma bandeira sem imagem
nem emblema, brasão, tema
flor de dilema a linguagem
é leme e lema do poema


DUELO 06: Natasha Félix X André Oviedo

Trova de Natasha Félix

o fio da vida, esticou
feito a corda bamba
no pescoço colou:
"aqui estalo samba" 


Trova de André Oviedo

amor é uma coisa fina,
vaza por qualquer espaço.
se quer fugir dessa sina,
segure o seu num abraço.

  
HORA DOS DUELOS!

POEMAS DAS SEXTAS DE FINAL
TEMA: CINEMA

Foi perguntado aos poetas qual era o filme da vida deles. Acima dos títulos, estão as respostas. Boa leitura!







DUELO 01
Títulos:
“Rio Show”
(Herton Gomes – RJ)



X

“:bolinação no escuro do cinema:”
(Adalberto Carmo – SP)






“O filme da minha vida é ‘Peixe Grande e suas histórias Maravilhosas’. Fala sobre amizade, família e reconciliação, através da história de um contador de histórias que no seu leito de morte, relembra os tantos encontros que teve durante sua vida. Me identifiquei muito com o filme, porque nada me move mais do que contar histórias, seja através de contos, poemas ou roteiros. E nada me impulsiona mais do que conhecer outras pessoas, tocar e ser tocado por outros corações. Tem pessoas que passaram por minha vida, por uma tarde, por uma semana, por algumas horas,  na plataforma de uma rodoviária, da fila de um supermercado, durante as férias numa cidade distante, no meio de uma festa, no corredor de um hospital, num grupo virtual compartilhando poesias, e que a mesma vida que se encarregou de tramar esse encontro se encarregará de fazer com que um dia não mais nos encontremos. E ‘Peixe Grande’ trata desse universo de encontros que transformam e arrebatam com uma sensibilidade e poesia inesquecíveis.Quando o assisti, saí do cinema em prantos e choro toda vez que revisito essa obra”.

Título: Rio Show (Herton Gomes)

No Espaço Itaú, o amor dá o cu num banheiro todo mijado
sem projetar porra nenhuma.
No Roxy, o amor fede a passado
bebendo uísque falsificado numa banheira de espuma.
No Moreira Sales, o amor é teoria: conhece o mundo inteiro
e morre de cirrose e apatia nadando em dinheiro.
No Kinoplex Tijuca, o amor é dublado
não gosta de silêncio, pipoca quente, nem refrigerante gelado.
Na Estação Botafogo, o amor dispensa legendas: chega de metrô
e tem um caso antigo com Tarantino, Almodóvar e Truffaut.
No Cinemark Village Mall, o amor não se mistura:
chora no escuro, bota a culpa no filme e nunca perde a postura.
No NewYork City Center, o amor é emergente
feito um Woody Allen ao avesso: raso e incoerente.
No Cine Jóia, o amor não vale nada.
No Cine Santa, desce a ladeira.
No CCBB, sai de cartaz de mãos dadas com outro rapaz, toda terça feira.
No Multiplex Caxias, o amor é clichê.
No Leblon, celebridade.
Na Uruguaiana, pirataria
No Odeon, eternidade.




“Tenho uma predileção por filmes pedradas na vidraça: ‘Calígula’, em plena infância de um garoto com ânsia de seminário causa certos estragos IRREPARÁVEIS...

Título: :bolinação no escuro do cinema: (Adalberto Carmo)

"Cinema is most totalitarian of the arts.
All
energy and sensations sucked up in to the skull, a
cerebral erection, skull bloated whit blood.
……………………………………………..
……………………………………………..
Cinema is this transforming agent. The body
exists for the shake of the eyes; it becomes a
dry stalk to support these two soft insatiable
jewels".
Jim Morrison

Eu sou Botinhas/ entre coxas & espadas rijas/ dirijo a porra toda/ todo lugar vai & volta em meu olhar/ Eu sou Botinhas/ BDM de cem velas &/ couro negro em altos ornamentos/ Pretorianos rebolam/ de minissaia Eu sou Botinhas/ Eu sou DP/ Eu SADO/ A Casa do Amor é onde piso/ & meu coração é templo inchado/ na merda / do tempo todo/ Medo/ Astúcia/ Solidão/ Dêem as mãos/ à loucura Eu sou/ Botinhas de veludo no pântano do amor/ Pulgas/ Primas/ Penas/ vossa irmã é minha nova Messalina/ Me faço moço Vênus antropoestático/ Cavalgo o chanceler na carcaça de Salomão/ Uso a Clava ereta & a Pele do Leão/ Neméia Eu sou Botinhas/ fluo ouro do alto Reno/ Fortalezas lunáticas Barcas/ de velas negras/ ao Egeu!/ Falerno &/ javalis assados escorrem nas panturrilhas/ incendiadas fronteiras cegas do tato/ Christãos & vampiros tãos cheios de si Eu sou/ Botinhas & lhes digo/: o perigo corre comigo nesta/ via de depiladas virilhas/ Venham! O veneno é novo & o chumbo é espesso/ Venham! Amadores de Pulgueiros Novos Antigos/ & Eternos Chupadores de picas plenas/ de porra do porvir/ Venham! Eu sou Botinhas/ O Tirano da Ternura/ Eu Sou Botinhas/ Trator Tira-Gosto/ EU SOU BOTINHAS/ Oh Deglutidos por Fantasmagorias/ Oh Decapitados na Arena Erótica/ Oh Afogados em Porra Vinho & Mel. EU SOU BOTINHAS.


DUELO 02
Títulos:
“Yume”
(Bianca Velloso – SC)



X

“A Flor de quem”
(Simone Prado – RJ)





“O filme da minha vida é ‘Sonhos’, do Akira Kurosawa, porque foi exatamente neste filme que percebi que o cinema é feito de poesia”.

Título: Yume (Bianca Velloso)

(para Akira Kurosawa)

sala vazia
sento-me na poltrona
e espero
...
pouco a pouco
atravesso a tela
a lente é a ponte
córnea, cristalino
retina, nervo óptico
até chegar
ao nascedouro do olhar
:
dentro de ti outra tela
pintura habitável

o arco-íris e os pessegueiros em flor
tão volúveis a culpas esculpidas
nas batalhas invisíveis
entre o ser e o humano
...
um homem que atravessa
) todo dia (
o túnel da morte
comandante menino

passos que percorrem
as cores e os traços de Van Gogh

patologia social, explosões atômicas
incandescências na contra-mão da história
o caminhar para um alegre funeral
que sepulta a ciência
e engravida a essência
:
percebo que o olhar é feito de sonhos
...
e os sonhos de poesia



“Música tema, figurino, atuações, tudo encanta em ‘E o vento levou’, filme que já devo ter assistido umas 15 vezes”.

Título: Flor de quem (Simone Prado)

(a Wilker)

encontrei-a diversa
entre moquecas
e acarajés

a servente da fartura
(seios e crustáceos);
o fogo
das velas acesas,
três pratos nas bordas
da mesa

na cadeira, à esquerda,
nudez – marido
vadio,
(mão sob a saia)

à direita,
mudez – marido
vazio
(...)

no criado-mudo-coração
a flor
entre jorge
e amado.


DUELO 03
Títulos:
“Eureka!”
(Maria Amélia Elói – DF)



X

“A vinte quatro quadros por segundo”
(Georgio Rios – BA)






“Sou apaixonada por vários filmes, mas acho que o que mais me tocou até hoje foi ‘Sociedade dos Poetas Mortos’, por conta da paixão, da liberdade e da vida que ele evoca. Também queria citar alguns água com açúcar deliciosos, como ‘Meia-Noite em Paris’, ‘A Cem Passos de um Sonho’ e ‘Dirty Dancing’. Com esses filmes, I've had the time of my life”.

Título: Eureka! (Maria Amélia Elói)

Nada de médico, igreja ou dieta.
Eu vou ao cinema
to-da segunda, to-da quinta, pagando meia.
Mais certo que tomar banho,
mais seguro que amar os filhos,
mais bingo que dar pro marido de sexta pra sábado.

Arrombo o cartão de crédito,
escancaro o pequeno tesouro,
empresto do agiota,
mas eu sempre sinalo presença.

E não me receite ansiolítico,
mãe de santo, psicólogo.
Não me peça pra ler um livro ou seguir telenovela.
E nem me meta num sanatório
que já estou sã em corpo são.

Atada ao escuro da poltrona e à liberdade do ácaro em devaneio sublime,
over the rainbow
eu choro, me drogo, me entorno,
sequestro, assassino,
me vingo, gozo, gargalho e me curo de qualquer hiato.

Porque é tanto beijo longo e saudade ardida
é tanta lágrima rasgando a morte
é tanta tropa de elite num dirty dancing
que meus seven pecados são perdoados
aqui, matrix, à meia-noite em Paris

Uma casquinha de milho entre os dentes
é o que realmente me move.

Eureka! É na película que mora a vida!



 “Para quem trabalha com cinema de perto, eleger um único filme é trair a si mesmo, é minimizar o poder catártico que tem o cinema, sua quase sinestésica penetração em qualquer pessoa, seja ele um espectador casual ou um cinéfilo. Quem gosta da tela grande. Creio que a pergunta soa de certa forma injusta, limitadora e vai à contramão da proposta do cinema que é expandir, através de luz e sombra, a capacidade de ver. Gosto de uma infinidade de filmes, cada um com suas peculiaridades. Deixando de lado as mais variadas conceituações, digo que: cinema é esta pugna entre a luz e sombra. E a partir de certa parte do processo de evolução do cinema como linguagem, a música entra como elemento de mediação nesta guerra. Para além da “luz expressionista” e da “sombra noir”. Visando poder atender ao jogo de risco que a pergunta propõe, vou apontar um filme que reúne uma batalha expressiva entre estes elementos: (Gone with the Wind) dirigido por: Victor Fleming (dirigiu apenas 45% do filme), George Cukor, Sam Wood, William Cameron Menzies e Sidney Franklin, (todos não-creditados) Aqui, por estas bandas dos trópicos o conhecemos como o clássico ‘E o Vento Levou’, há neste filme um detalhe que a meu ver faz jus a esta batalha de sombra e luz de forma mágica.  Assistir como as sombras contam uma história secreta dentro do filme é essencial. Já parou para observar como as cenas de crepúsculos são utilizadas para desenhar o tons dramáticos no enredo? Vale lembrar que o filme é uma muito bem feita adaptação literária da obra da autora Margaret Mitchell. Para, além disso, vale dizer que os escritores F. Scott Fitzgerald e William Faukner também participaram como roteiristas. Mais uma curiosidade: Hattie McDaniel não pôde comparecer na première do filme em Atlanta porque era negra. Ela foi a primeira atriz negra a conquistar um Oscar. Assim, aponto ‘E o Vento Levou’ - que além destas qualidades e curiosidades acima apontadas, é um filme tocante, firme é transcendente, respeitando a premissa de ser voz do seu tempo, e de tocar ainda hoje de forma pertinente quem se propõe a vê-lo. É um filme tocante para mim.

Título: A vinte quatro quadros por segundo (Georgio Rios)

O tempo foge
Como quem finda
Na líquida superfície da retina
Castigada pela luz das janelas indiscretas

"Hay que tener ilusion"
Você me disse ao apagar das luzes
Na última projeção de Lolita
Como alguém que alerta
Sobre a vastidão de precipícios
Como quem claqueta mais um take:
Próxima sequência em close up,
-Ação!

Diante da primeira fila, um letreiro:
Os brutos também amam
O som da projeção cresta em contraste com a música
Aumenta a respiração
A tarde morre
O tempo finda
Morre o dia como a vida
A vinte quatro quadros por segundo.



DUELO 01
Títulos:
“Primeiro plano”
(Cinthia Kriemler – DF)



X

“Projeção”
(Francisco Carvalho – MA)








“São vários os filmes ‘da minha vida’. Mas se é para citar só um, escolho um que me marcou sob vários aspectos: ‘A casa dos espíritos’ (baseado no livro de Isabel Allende).

Título: Primeiro plano (Cinthia Kriemler)

no útero quente, escuro,
olhos-vaga-lumes piscam em espera 
que recende pipoca e menta
do parto, só sabem a hora em que blanches
olgas, doras serão paridas no ecrã 
não sabem que vida é texto, enquadrado por 
cortes, efeitos 
que é sequência de planos, diálogos, de cenas
sem takes perfeitos 
não sabem que há estamiras, padmés, gildas
cabírias gestando, no mesmo instante, misérias
desgraças, dores, personagens invisíveis 
em decupagem incessante.





““A vida é bela” foi marcante, um filme de muitos ensinamentos. O próprio título já sugere muito. Um trabalho belíssimo, de muita sensibilidade, contextualizando a segunda guerra mundial”.

Título: Projeção (Francisco Carvalho)

exatamente ali,                                                                                            
na esquina do Cine Rex,  

lugar onde nunca estivemos,
                               sinto pingos de uma chapliniana chuva,

fino sabor de milho e novembro escorre
das extremidades de um beijo...

um louro olor de saudade
na película dos lábios se acende.


DUELO 02
Títulos:
“Super oito – (sobre a vida e a memória como cinema)”
(Jorge Augusto Silva – BA)



X

“Foco”
(Ricardo Thadeu – BA)





“Hoje não tenho filme da minha vida. Durante muito tempo foi o ‘Sociedade dos poetas mortos’, filme importante para mim alguma hora, mas que hoje não dou mais a mesma importância. O filme que mais gosto de ver hoje é o ‘Madame Satã’, de Karin Ainouz. Acho bonito, sensível, tem uma humanidade que me interessa ali, como também, no filme ‘Cidade Baixa’, de Sérgio Machado”.

Título: Super oito – (sobre a vida e a memória como cinema) (Jorge Augusto)

I
dezoito  fotogramas por segundo
o tempo não pára de passar pasolini
rodando na tela do aparelho celular

um projetor disputa com a lua a claridade
acende fellini como um sol no meio da
noite na praça daquela cidade

meu pai fuma hollywood e nunca foi ao cinema
mas todo ano reprisa o roteiro – repete
o enredo - de nossos filmes em família

mais que imagem cinema é então
linguagem de produção do homem
e da memória como fratura-exposta

metáfora que se aplica a pensar a própria vida
- um filme passando em nossa cabeça –
numa língua de memórias e represas
II
essa memória transa um transe:
miragem visagem voragem
num milésimo infinito-segundo
tudo se reimprime
na película mnemônica do olho
re – vi
vi tudo
a vida inteira num vulto
fotos fatos grafias
cenas sobre cenas
 pathos: cinema
mas como a memória
de toda película
de tanto ouvir-se olvida
grafo-gravo tudo aqui:
visagem imagens voragens
– catarse: poema
III

o cinema simula ainda -
simulacro deturpado
do que redunda
duplica rasga e rasura
- a realidade semiose que explode
sua grade de linguagem
uma memória que se narra
e espelha como alteridade
mas não faz senão produzir
o mundo a sua própria imagem.



“O filme ‘Como Água Para Chocolate’, de Alfonso Arau. Não é o melhor filme que vi, mas marcou a minha trajetória acadêmica”.

Título: Foco (Ricardo Thadeu)

Não há enigma nas engrenagens
que, corroídas pela ferrugem,
movem a cena:

o insone movimento dos quadros
evidencia, no oculto quarto,
as máscaras e as feridas;

a sujeira secular que forra paredes
é escondida sob a projeção
de trôpegos movimentos;

atropeladas hordas de sentimentos,
atados ao lobo fingido,
forjam lágrimas no escuro.

Alheios a tudo, na última fila,
um casal partilha outros sentidos.


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DUELO 03
Títulos:
“manual para abraçar no cinema”
(André Oviedo – SP)


X
“Ação e reação”
(Natasha Félix – SP)






“O filme da minha vida é ‘Medianeras’, argentino. Meu Deus, que película”.

Título: manual para abraçar no cinema (André Oviedo)

o escuro do cinema
é perfeito para
o primeiro contato
do braço de quem abraça
com o ombro do abraçado.
comece escolhendo
um momento
em que o filme
esteja morno.
diálogos longos
e cenas pós-clímax
são perfeitos para tal.
com a visão periférica,
garanta que a outra parte
não suspeite do seu plano.
despretensiosamente,
finja o bocejo:
abra a boca o máximo
que puder e feche os olhos
levemente para passar
mais verossimilhança.
ao mesmo tempo,
projete os ombros para trás
e suba os dois braços
num movimento constante.
quando chegar à altura máxima
desça o braço que estiver
ao lado de quem deseja abraçar
e posicione-o sobre
os ombros do abraçado.
é essencial que o movimento
seja fluido e realizado com leveza.
o abraçado só deve perceber
seu braço quando o mesmo
já estiver repousado sobre
os ombros.
é preciso técnica
e, algumas vezes,
persistência,
pois é comum
a outra parte oferecer,
à primeira vista,
certa resistência.
caso isso aconteça,
repita o processo
após, no mínimo,
30 minutos de filme.
não havendo sucesso,
evite tentar de novo,
pois ultrapassando
duas tentativas,
a outra parte poderá
perceber o plano
e nenhum outro
ato poderá salvá-lo
do fracasso.



  
“Quando me perguntam meu livro favorito, comida predileta ou filme de preferência sempre fico com uma incógnita na cabeça. Aquela história de que as escolhas, de certa forma, limitam, sabe? Eu acredito na influência de alguns filmes em etapas diferentes da minha vida. É como pedir pra escolher um sentimento que me represente: não há como. Porém, alguns filmes vêm duma vez na memória. ‘Cem anos de escravidão’, ‘Desejo e Reparação’, ‘Meia-noite em Paris’ e ‘Closer’ são apenas alguns”.

Título: Ação e reação (Natasha Félix)

Ensaiou a boca marcada
o riso escondido
a chuva nos olhos

Escolheu a cena:
minha casa, ventilador rodado
no teto, mofo
no tempo, nada.

O roteiro silencioso,
- marca-passo, conta-gotas;
Por ela escolhido,
Premeditou a visão

Guardei meu grito
no escuro
feito filme mudo. 




E AÍ, CARLITOS? QUEM AVANÇA? QUEM FICA PARA TRÁS?

ESSA CARA DE DÚVIDA DIZ TUDO, HEIN...

ATÉ QUINTA-FEIRA COM OS RESULTADOS!

AUTORES S/A

UMA SOCIEDADE DIFERENTE DAS OUTRAS

4 comentários:

Carvalho Junior disse...

Show de poemas. Muito feliz em estar entre os 12 finalistas do concurso. Creio que cada poeta participante sairá mais fortalecido depois de toda a caminhada literária nesse belo festival de poesia.

Gerci Godoy disse...

belos poemas, e diversos filmes escolhidos o que deu mais beleza a esta etapa. Parabéns Poetas

Jacqueline Salgado disse...

Parabéns, Cinthia, Ricardo e André Oviedo. Trovas bem fechadinhas e excelente métrica.

Cinthia Kriemler disse...

Obrigada, Jacqueline! Bjks