Olá! Saudações aos nossos caros poetas e leitores. Agora a competição começa para valer. Hoje, apresentamos os poemas do Top 17 do I Concurso de Poesia Autores S/A, cujo tema solicitado foi:
O Velho e o Tempo. Foi perguntado também, aos 17 poetas competidores,
o que o tempo representa para eles. As respostas serão exibidas logo acima do poema de cada um.
Os poemas serão postados em ordem alfabética (A ver pelo título). Ainda hoje,
às 15:00 horas da tarde, os comentários e notas dos jurados serão postados aqui, no Autores S/A, e saberemos quais poetas terão sido os menos votados pelos jurados. Neste mesmo horário, será aberto o
1º *Campo Platônico (ver explicação no lembrete ao lado, no blog) da competição, com os 3 menos votados e você, sim, você mesmo, irá decidir, por meio do seu voto, quem serão os eliminados da competição. Serão
DOIS POETAS ELIMINADOS nesta rodada (os dois menos votados pelo público).
Observação: Já temos disponível aqui no Autores os perfis de todos os 17 candidatos, não deixe de conhecê-los melhor! Divulguem a postagem e os perfis de seus candidatos preferidos! Divulguem a poesia, convidem seus parentes e amigos para participarem deste evento! E, claro,
não deixem de comentar a postagem no espaço dos comentários. Salve a poesia!
Agora, apreciem os 17 belos poemas dos nossos talentosos competidores. Essa disputa promete! Boa leitura a todos.
Observação: No poema "Meu velho companheiro", a diferença na formatação não indica nenhum aviso ou favorecimento. Trata-se apenas de um erro na formatação, cujo o próprio sistema (Blogger) causou e, infelizmente, não permite a reparação.Obrigado pela compreensão.
TOP 17 (TEMA: O VELHO E O TEMPO) - POEMAS:
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Pseudônimo: Cervan (Piracaia, SP. 25 anos).
Título: Alas
"O tempo é lince debaixo da casca da tartaruga".
ninguém morre de véspera reza o dito
no corredor do hospital
de espera morre
sem reza o velho dito
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Pseudônimo: O Velho (Macaé, RJ. 50 anos).
Título: Apenas saudade
“O tempo é como um grande livro onde tudo o que existe vai sendo escrito, pois ele já existia antes. O tempo é o grande senhor de todas as coisas”.
um velho
se debruça
sobre suas memórias
revira
os arquivos das lembranças parcas
contempla o crescer
de árvores, flores, matagal
procura antever as raízes
sob a terra fértil
e o pensamento caduco...
já escrevia
poesias líricas
histórias lúdicas
antes das palavras
serem inventadas...
a pedra pintada
veio muito depois
a arte ainda não existia...
chora pelo tempo derramado...
o tempo não nos poupa
não nos espera trocar de roupa
não guarda lugar na fila da juventude
que há muito, amadureceu no pé da vida...
“-estranhamente
não me reconheço em mim
sei de onde venho
mas parece que não tenho fim...”
de olhos vermelhos
corre pro espelho
na vã tentativa de se encontrar:
e lá está ela
a sua imagem
mas não é ele
não ri de si própria
não tem autonomia
é um arremedo de si
triste e breve alegoria
da sua efêmera vida vazia...
ancora-se frouxo
num pensamento ordinário
de um tempo imemorial
que lhe trouxe espanto...
o branco em seus cabelos
as rugas no seu rosto
não fazem do tempo
um personagem confortável
antes disso, cruel e voraz ...
e num acesso de raiva lúcida
decide nunca mais dar corda
em seu relógio de pulso
pois velho como ele
já não aguenta mais
a correria insana e impiedosa
do tempo
impetuoso desembestado...
o velho
sem dor
sem medo
sem mágoa
sem pressa
atravessa sua vil existência
na esperança de um dia
ser apenas saudade...
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Pseudônimo: León Bloba (Rio de Janeiro, RJ. 23 anos).
Título: Fragmento
“O tempo em mim é sentido ainda com leveza. Sou novo e percebo a distância dos eus que espalho. E não estão no passado - estão dentro de mim. Tempo é o fragmento de sucessivos agoras, que não passam, nem virão, estão sempre presentes”.
Rompem as portas.
Sopra o tempo.
O velho tem poesia
Pra contemporizar.
Conversa com o tempo
Em telepatia -
O velho se completa
Ao se contemplar.
Abrem as comportas.
Jorra a memória.
O velho é a experiência
De se resgatar.
Com verso no tempo
Da reminiscência -
O velho se desvenda
Ao se reinventar.
Alisam as barbas.
Escorre a história.
O velho é a saudade
Ao tempo saudar.
Futuro presente passado,
O antes-até-agora invade -
O velho espera na esfera
Ao se fragmentar.
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Pseudônimo: Anjo (Samambaia Sul, DF. 42 anos).
Título: Tempo
Meu Velho Companheiro
“É não se ter voltar... Mesmo que tenha recomeço, sempre será um novo ciclo”.
Não posso falar muito por falta de tempo...
O tempo que sempre me incomoda e me acompanha.
Desde que nasci ouço - corra ele está nascendo, não há mais tempo...
Vivi todo meu o tempo em atraso, a fim de tentar enganá-lo em tempo hábil.
São os resquícios do passado que empurrados se acumularam nas esquinas de outono.
Hoje, vejo-o passar de maneira efêmera. Meu relógio? É um objeto que resgata
memórias.
Diluí minha vida em terracota para tingir os crespos cabelos brancos das sarcásticas
horas.
Para ganhar tempo, ele não perde tempo. Às cegas e solitário toca seu violino para as
aves.
A música em seu compasso de quatro tempos, faz tributo ao futuro, que as pressas se
vai...
Este corrosivo e implacável não tem aplausos, nem mesmo uma rosa negra em seu
camarim.
Sua auto-afirmação só serve para estabelecer razões, quando diz - no meu tempo era
assim.
Dê-me tempo para pagar-lhe, juro pelos milésimos segundos perdidos. Veja minha
idade!
Seu monólogo temporal vem recheado de conformismo. Mas é a vida meu velho! É a
vida.
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Pseudônimo: J. J. Wright (Riachão do Jacuípe, BA. 22 anos).
Título: Na antecâmara do sonho
“O tempo é a gadanha da morte”.
O Tempo,
ah, o Tempo!
Uma sombra incrustada
de remorsos.
Nos ossos,
a ação das vozes.
Nos passos,
a imensidão do ócio.
O Velho perpassa espelhos.
As luzes se apagam,
restam os destroços.
Nos ossos,
a ação das vozes.
Nos passos,
a imensidão invisível.
O Velho e o Tempo:
o homem outro
e o instante nenhum.
(a memória e o medo:
imóveis)
Nos ossos,
a ação das vozes.
Nos rastros,
a imensidão do silêncio.
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Pseudônimo: Zé das Lavouras (Trajano de Moraes, RJ. 16 anos).
Título: O ex-menino e o passar do tempo
“Tempo é um termo para expressar a durabilidade das coisas no espaço, ou seja, tempo para mim é apenas um intervalo de tempo definido como VIDA que serve para construirmos uma família, uma carreira, e muitos, muitíssimos poemas e pensamentos como este”.
Um menino perguntou para o tempo
Quantos anos ele viveria.
O tempo respondeu que não diria,
E o menino afirmou não agüentar de euforia.
Os anos se passaram.
O menino cresceu,
Trabalhou e logo enriqueceu
Passaram mais alguns anos e o menino envelheceu.
O menino que não era mais menino,
E sim um velho. Tomou um tino
Ao ver que o tempo não lhe daria mais tempo
O velho lamentou:
Enquanto vivia,
Tinha que aproveitar.
Pois agora que sou velho
Mais adiantar.
Não ter dúvidas
Não negar,
Mais sim aproveitar,
Ate a morte me pegar.
Oh não! Compliquei de mais,
Pois agora não posso mais.
Tarde de mais,
Pois fui embora!!!!
Não adianta mais correr,
Não, não e não.
Devia ter pensado nisso,
Antes de morrer!
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Pseudônimo: R. (Formosa, GO. 23 anos).
Título: O último ponto final
"O Tempo?
O tempo é uma sucessão de saudades..."
Essa manhã o tempo veio me visitar.
Trouxe algumas fotos amareladas
e um gole de saudade para que eu me alimente.
Conversamos sobre banalidades da vida,
sobre os sorrisos gastos
E pessoas que já partiram...
Coisa de quem já viveu demais.
O tempo trouxe sentimentos
que meu coração ignorava,
pude sentir cheiros que julgava
Não existirem mais e revivi momentos
que estavam a milhas de distância do meu presente insólito,
vazio
e melancólico do fim da vida.
Deitado aqui pude ver o tempo pintar
lindas imagens no teto branco do meu quarto.
Pude ver quanto tempo ganhei,
e o quanto errei em prol de mim mesmo.
Pude entender que essa longa caminhada
cheia de tropeços
se assemelha à poesia
que encontra seus caminhos na folha em
branco, sem linhas.
Que respira nas vírgulas,
que fala nas suas aspas, que aguarda um recomeço nas suas reticências e pontos finais.
Os anos que me cabem são resultado
desse poema sem título,
desses versos sem métrica,
toscamente escritos;
Da união de grafite e sentimento,
alma e corpo.
E agora que o tempo veio me buscar
posso dizer, sem pudor ou pesar
que vivi e amei.
Escrevi, enfim, minha história...
Essa linha do tempo que encontra aqui seu ponto final
mas que se perpetua na eternidade
através das palavras
que deixei.
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Pseudônimo: Paul Celan (Taguatinga, DF. 46 anos).
Título: O Tempo e a Chuva
“O tempo ronda meus quintais como um cão raivoso, ou uma borboleta tatuada nas nuvens do peito indefeso de tísico!”
Como esta chuva que sorvo em minhas mãos,
Assim a areia do tempo
Transforma meu ser;
Tenho em mim um velho,
Tenho apenas o canto
Da cigarra morta
Nesta solidão do mundo das
palavras;
Tenho apenas o osso,
O sacrifício da ausência
indomável,
semente do nada;
Tenho apenas as redes da
matéria bruta
Tragando os peixes-poemas,
Canções do acaso, gritos
mudos, bois e lobos
no olho esquecido;
Tenho apenas o tumulto
Nesta grei onde se confia à
Aurora e às estrelas.
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Pseudônimo: Ivanúcia Lopes (Marcelino Vieira, RN. 23 anos).
Título: Passatempo
“A concepção do tempo tem sido muito discutida desde o início da cultura ocidental, até hoje. A sua relatividade em nossas vidas tem sido assunto de debate entre os filósofos e entre os cientistas, tema de pesquisas, reportagens especiais, desabafos, crônicas, poemas... Tem sido, inclusive, debatido nas calçadas, por pessoas de mais idade, e até por adolescentes nas confissões da tenra idade. E o que seria o tempo, então? Talvez, assim como para a física, uma grandeza fundamental, sobre a qual não cabe definição. Acho que é bem assim: uma construção fictícia do homem para explicar a dança do sol e da lua. Um tiquetaquear que justifica as corridas, as chegadas, as lembranças e as esperas. Não se pode guardar o tempo numa caixinha. Nem roubá-lo. Nem dá-lo a ninguém. O que se pode fazer é eternizá-lo”.
Nas rugas. No olhar.
Um risco. Rabisco. Um cisco.
Marca do tempo no velho.
Brilho do tempo no novo.
Mão em punho. Rascunho.
Ansiedade. Destino. Ocasião.
Passa velho. Passa menino. Passa a estação.
Arrisca um passo.
Risca um traço.
Passa a limpo.
Passatempo.
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Pseudônimo: Paracauam (Trofa, Portugal. 47 anos).
Título: Promontório
“A palavra TEMPO, representa para mim... Tudo aquilo que o homem busca descobrir sobre si mesmo, tudo aquilo que o faz descobrir que quanto mais sabe mais precisa saber!”
Ao tempo pouco
Se lhe importam
As rugas
Que o velho tem
O tempo tão mais
Velho que o mais
Velho dos homens
…
E de novo pensa
O velho em seus
Momentos contados
E conta histórias
De um tempo
Passado a limpo
Louça lavada
No rio que passa
Que apenas passa
Tão-somente uma vez
No mesmo lugar
…
Lugar que é
Suporto no tempo
Ficar – não – passar
O velho
Simplesmente
Acaricia as marcas
Que o tempo
Lhe escavou
Na pele
Como ventania
Insistente que rasga
A face da rocha
Resistente
O velho é uma
Falésia a olhar
O mar
Que bate a seus
Pés
O velho é uma
Rocha que se
Faz areia
Nas praias do tempo.
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Pseudônimo: Alan de Longe (Betim, MG. 42 anos).
Título: Qüinquagésimo ano
“Embora mera ilusão criada pelos homens para medir o imensurável, é infalível em nos tornar perigosamente mortais. Um conceito tão finito e perene que nos transforma (a tudo e a todos) em finitos, breves e efêmeros”.
Tanto mais me aproximo dos “cinquenta”,
mais turvados vejo meus horizontes;
a vida, como o sol, por traz dos montes.
em tom de crepúsculos se apresenta.
E a este temor sombrio se me acrescenta
esvaírem os dias quais águas nas fontes,
Que jamais retornarão às mesmas pontes,
Tanto mais me aproximo dos "cinquenta”.
Decerto, que melhor vivo e senil,
que vir a perecer na juventude.
Mas a idade traz desventuras mil
pois já não gozo um sorriso tão amiúde,
da alentada esperança juvenil
e me avisinho, dia a dia, do ataúde.
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Pseudônimo: Aline Monteiro (Macapá, AP. 25 anos).
Título: Resistência
“O tempo é o que movimenta a vida. Tudo o que fazemos é em razão dele. Estamos condicionados à sua vontade. É onde estão as nossas diretrizes, o nosso remédio para curar dores e angústias. O tempo é a justificativa para nossos maiores medos, desafios, desistências. Mas acredito por vezes é necessário livrarmo-nos dessas amarras e construir o nosso próprio tempo em que a decisão final seja sempre nossa e não dele”.
Tu permaneces...
Resiste.
Indestrutível.
Inabalável
Como árvore centenária,
Monumento histórico,
Sete Maravilhas do Mundo.
Parece não te importar
Quando
Um dia te tiraram
O frescor da pele,
O brilho dos olhos.
A cor dos cabelos.
A força do teu corpo...
Andas insistindo
Nos afazeres domésticos
Na poeira que ninguém vê
No quadro torto que não notei...
O que te fez resistir à tormenta?
O sofrimento é opção constante,
Tua cruel companhia...
Mas tua força
É de uma criança recém-nascida
A chorar insistentemente por comida
Não há mal que dure para sempre?
Do teu lado
Serei eternamente aprendiz
Da tua incontestável
Habilidade de renascer...
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Pseudônimo: Semprepoeta (Ipatinga, MG. 46 anos).
Título: Ressonâncias do tempo
“Para mim, o tempo é uma convenção dos homens. É uma invenção algoz e benevolente. A mão do tempo oferece e tira, desfaz e tece. Onipotente, é elo entre o antes e o depois. É ponte inexorável, entre a vida e a morte”.
O tempo...
Um trem...
Tempos de menino...
O trem que vem
Rasgando o cerrado,
Traz boas novas
Às cidades e vilas
Incrustadas nas serras de Minas.
Um trem...
O tempo...
O trem que passa
Traz o minério
E leva o aço.
Tempos de trabalho,
Progresso e mocidade...
O tempo...
Um trem...
O trem passa,
Traz o amor
Que o tempo leva.
O ir e vir encontram-se
Na estação e se entrelaçam
No coração dolente da maturidade.
Trens não andam para trás.
Tempos não voltam jamais.
Seguem
Em trilhos paralelos,
Por túneis desconhecidos
Rumo ao porvir.
Um trem...
O tempo...
São fragmentos de lembranças...
Cochilando na varanda,
O velho senhor escutou
O assovio de uma criança
Parecido com o apito de um trem.
Muito distante,
Quase inaudível...
E voltou ao passado.
Reminiscências...
Ressonâncias de um tempo...
Um trem...
Uma saudade...
Foram-se as Marias,
Dos vagões e das carícias.
Fumaça agora, só das fábricas.
Nada incide em sua vida,
Além de contemplar os verdes montes
Que os edifícios ainda não cobriram.
Lembranças do velho senhor...
Bibelô na cadeira de balanço
Esquecido pelos da casa.
Reminiscências...
Ressonâncias de um tempo...
Um trem...
Uma saudade...
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Pseudônimo: Ambrosio Marrozinho (Casa Verde, SP. 33 anos).
Título: Tarde que finda
“A palavra tempo significa para mim a urgência em viver a vida, mesmo agitada ou muito lenta, mas com poesia, a respeito do tempo, digo:
sou a tarde que finda
descorando e descontente
numa rapidez tamanha
ainda que lentamente
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Pseudônimo: Bambina (Paranaguá, PR. 23 anos).
Título: Velho Boêmio
“Na minha visão, o tempo é apenas um medidor de nossos dias. Devemos encarar nossa vida como atemporal, sem data certa para terminar ou recomeçar. Cada um tem em si a chave de seu relógio, sem minutos, sem ponteiro, apenas com desejos, sonhos e experiências... Que vivamos o hoje como sendo único, sem preocupações com o ontem e o amanhã!”
Os ponteiros insistem em girar
Já não há mais tempo
Os dias, as horas, os minutos
Escorrem por entre lembranças
Não posso parar
Esse tic-tac me desola
A escola da vivência está no fim
É tudo a toda hora
Ainda posso ouvir o som do clarim
O gosto do gim e o estalo do carteado
Quando jovem soprava forte
Hoje, falta-me o fôlego e a sorte
Quebro meus relógios
Já não me importa as horas
Qualquer minuto já é prêmio
Do que restou deste velho boêmio
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Pseudônimo: Príncipe Desavisado (Juiz de Fora, MG. 29 anos).
Título: Velhos tempos
“Tempo, para mim, significa vida, mudança, crescimento”.
tempo transborda de relógios calendários
extrapola o entendimento humano;
marca ao passar.
o velho senta-se à varanda da casa a mirar
o horizonte: há tanto em que pensar!
o mundo de hoje já não é mais o mesmo
o tempo mudo muda as coisas como o vento
bailando sobre dunas; no rosto carrega seus
vincos pequenos vícios qualidades e tudo
o que mais compõem um homem: alma & coração.
o velho é sábio por pai e avô
é sábio por sempre filho
a procurar aprender sobre os novos movimentos –
até as palavras ganham diferentes empregos –,
meu Deus, como a vida é boa e voa sem que se sinta
seu bater de asas ininterrupto.
o velho calmo é calvo a rir da infinidade de cortes
estranhos da molecada;
e seu sorriso artificial a admirar a tecnologia
de divertidos aparelhos dentários coloridos;
a lembrar Pelé e Garricha Zico e Júnior Romário e Ronaldo
a estranhar chuteiras multicor em pés de nem tão craques assim.
o velho vê através do tempo
alinhado a ele seu aliado de sempre
suas horas de satisfação saltam de seus olhos
em encantamento retornam são novamente
reais ao velho homem a reconstruir velhas
coisas gestos objetos a vida volta e vai a voar.
o velho recosta-se à varanda do mundo
o velho e o tempo
velhos tempos.
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Então, o que achou? Qual poema mais lhe agradou? Comentem!
Obrigado,
Autores S/A.