segunda-feira, 30 de maio de 2011

R.

Condição na competição:
Eliminado.
Data de nascimento:
30/12/1987
Cidade:
Formosa, GO

Profissão:
Professora de Inglês
Partido político:
Não possui.
Gosto literário:
Fernando Pessoa, Florbela Espanca, Pablo Neruda, Vinícius de Moraes, Mário Quintana, Carlos Drummond de Andrade, Caio Fernando Abreu, Fabrício Carpinejar, Edgar Allan Poe.
O que significa vencer este concurso?

A vitória neste concurso, para R., seria muito mais do que uma vitória pessoal: seria uma forma de organizar sua veia poética, de maneira definitivamente produtiva. Seria uma forma de atingir as pessoas com o que sente, vê e escreve; o que é, afinal, sonho de todos que escrevem. Para R., a vitória seria uma forma de contagiar as pessoas com tamanha alegria.
O que o tempo representa para R.?
O tempo?
O tempo é uma  sucessão de saudades...

Poema n°1 (pré seleção): Inspiração

A inspiração resolveu me visitar.
Após longa ausência,
chamados,

músicas,
café,
miudezas tristes,
gotas de poesia
e rios de realidade...
ela veio me ver.
Espiar como eu ando indo sem ela.
Observar meus sorrisos vazios
e noites de sono (quase) tranquilo.
Tentar entender como prossegui
semi-vivendo sem ela.
Perguntou ao meu último amor
se eu não o enchi de poesia
ele respondeu que nem mencionei que sabia escrever
ou mesmo que tinha uma tatuagem dedicada a ela.
Perguntou aos meus amigos
como era viver com alguém

que carrega aquele olhar vazio,
sem sonhos.
Eles disseram que era suportável,
mas pediram a ela que me resgatasse e trouxesse de volta
o mais rápido possível.
A nobre senhora, então, tentou me encontrar
nas páginas em branco dos cadernos,
no lápis de ponta feita

e nas músicas esquecidas.
Em vão.

A nau da credulidade
e seu companheiro, devaneio
partiram

e me deixaram
à deriva do meu amor.

Inspiração
venha me buscar.


Poema nº 2 (Top 17 - O Velho e o Tempo): O último ponto final
Essa manhã o tempo veio me visitar.
Trouxe algumas fotos amareladas
e um gole de saudade para que eu me alimente.
Conversamos sobre banalidades da vida,
sobre os sorrisos gastos
E pessoas que já partiram...
Coisa de quem já viveu demais.
O tempo trouxe sentimentos
que meu coração ignorava,
pude sentir cheiros que julgava
Não existirem mais e revivi momentos
que estavam a milhas de distância do meu presente insólito,
vazio
e melancólico do fim da vida.
Deitado aqui pude ver o tempo pintar
lindas imagens no teto branco do meu quarto.
Pude ver quanto tempo ganhei,
e o quanto errei em prol de mim mesmo.
Pude entender que essa longa caminhada
cheia de tropeços
se assemelha à poesia
que encontra seus caminhos na folha em
branco, sem linhas.
Que respira nas vírgulas,
que fala nas suas aspas, que aguarda um recomeço nas suas reticências e pontos finais.
Os anos que me cabem são resultado
desse poema sem título,
desses versos sem métrica, 
toscamente escritos;
Da união de grafite e sentimento,
alma e corpo.
E agora que o tempo veio me buscar
posso dizer, sem pudor ou pesar
que vivi e amei.
Escrevi, enfim, minha história...
Essa linha do tempo que encontra aqui seu ponto final
mas que se perpetua na eternidade
através das palavras
que deixei.

Poema nº 3 (Top 15 - Haicais): O Ipê

O verde partiu,
O inverno relembra:
Florir e viver.

Poema nº 4 (Top 13 - Crítica Social): Ao Mestre com carinho?
 
Ela é uma das pessoas que entram na sua vida muito cedo.
Mãe, pai, e logo ela aparece...
Cheia de sorrisos e carinho.
Ela te ensina que é preciso ter paciência,
que você deve ser educado com os mais velhos,
que você não pode tratar mal seus amigos.
Ela te dedica horas de atenção,
ela até consegue te acalmar quando você esquece quanto é dois vezes dois,
ou quando você não lembra como se escreve “piscina”.
Ela te ajuda a entender a História do Brasil, e porque os dinossauros não estão mais no zoológico.
Ela é a pessoa que consegue repetir a mesma informação várias vezes sem ficar nervosa,
ela até consegue entender sua caligrafia digna de qualquer hieróglifo egípcio.
Ela é assim, inesquecível...
Mas quando você cresce descobre que não é bem assim.
Muitas pessoas a esquecem.
Muitas pessoas sequer agradecem todo o trabalho que ela teve para terminar sua faculdade,
para completar todas as horas de estágio e corrigir tantas provas.
Muita gente acha que ela é só a “Tia” (ou “Tio”)  da escola.
Ninguém se preocupa se ela trabalha tanto
e ganha tão pouco.
Ninguém vê o ser humano excepcional e criativo
que se esconde atrás da professora cansada e estressada com uma rotina tripla de trabalho.
Ela gostaria de entrar no Mestrado,
oferecer o melhor aos seus alunos,
Mas infelizmente não há espaço para isso no seu país...
Os governantes estão muito ocupados divagando sobre o Acordo Ortográfico ou a nova cor das escolas...
E o cidadão comum está de mãos quase atadas,
Espectador de uma política social falida,
De uma escola que tentou incorporar funções que não são suas
e agora se perdeu entre bullying, preconceito, homofobia e violência.
A sua doce professora?
Ela está tentando fazer do pouco que tem, muito.
Enquanto o governo quer sacrificar o pouco que resta
para que eles possam ter muito mais amanhã.



Nenhum comentário: