segunda-feira, 30 de maio de 2011

Príncipe Desavisado

Condição na competição:
Eliminado.
Data de Nascimento:  
25/04/1982
Cidade:  

Juiz de Fora, MG
Profissão:
Assistente em Administração
Partido Político:
Não possui.
Gosto literário:  

Paulo Leminski, Arnaldo Antunes, Carlos Drummond de Andrade, Ferreira Gullar, Fernando Pessoa.
O que significa vencer este concurso? 
Para Príncipe Desavisado, a vitória neste concurso significará incentivo e oportunidade de divulgação.

O que o tempo representa para Príncipe Desavisado?
Tempo, para mim, significa vida, mudança, crescimento.
Poema n°1 (pré seleção): Batalha


Poesia é batalha
da qual só se sai morto
sujo ou no mínimo esfolado
tal coito de gato porém
silêncio guardado.

poesia não é lugar para musa
antes é passeio pela itabira
de cada um é mergulho no capibaribe
de cada um; movimento há
entre a primeira letra lá no alto
e o último ponto ali adiante.

poesia é batalha
que se vence vencido
a que se dá a vida empresta o ventre
por migalhas de um espelho
que não reflete embaralha a vista.

viver é estar
constantemente
em estado de poesia.

Poema nº 2 (Top 17 - O Velho e o Tempo): Velhos tempos


tempo transborda de relógios calendários
extrapola o entendimento humano;
marca ao passar.

o velho senta-se à varanda da casa a mirar
o horizonte: há tanto em que pensar!
o mundo de hoje já não é mais o mesmo
o tempo mudo muda as coisas como o vento
bailando sobre dunas; no rosto carrega seus
vincos pequenos vícios qualidades e tudo
o que mais compõem um homem: alma & coração.

o velho é sábio por pai e avô
 é sábio por sempre filho
a procurar aprender sobre os novos movimentos –
até as palavras ganham diferentes empregos –,
meu Deus, como a vida é boa e voa sem que se sinta
seu bater de asas ininterrupto.

o velho calmo é calvo a rir da infinidade de cortes
estranhos da molecada;
              e seu sorriso artificial a admirar a tecnologia
de divertidos aparelhos dentários coloridos;
              a lembrar Pelé e Garricha Zico e Júnior Romário e Ronaldo
a estranhar chuteiras multicor em pés de nem tão craques assim.

o velho vê através do tempo
alinhado a ele seu aliado de sempre
suas horas de satisfação saltam de seus olhos
em encantamento retornam são novamente
reais ao velho homem a reconstruir velhas
coisas gestos objetos a vida volta e vai a voar.

o velho recosta-se à varanda do mundo
o velho e o tempo

velhos tempos.

Poema nº 3 (Top 15 - Haicais): Às cores

Cores do outono
em tua pele morena
uma folha cai

Poema nº 4 (Top 13 - Crítica Social): Intolerância coletiva

Em meio ao nada coletivo,
um homem viciado por mentiras
despe a bomba que trajava:
aí então o mundo desaba
sobre cabeças inocentes.

É assim que se faz guerra:
alimentando intolerâncias,
alicerçando vaidades,
dando voz a atrocidades,
enterrando esperanças.

A fome corrói até os ossos
daqueles que suplicam paz:
alimentam-se de caos,
classificados como subumanos,
mendigos sentados em tronos de ouro;
reis escravizados
por suas ganâncias perpétuas.

Em meio a protestos vazios,
a fúria faz-se presente
e os manifestantes
têm seus movimentos controlados
por aqueles que deles
só colhem desamor.

Poema nº 5 (Top 11 - O Sertão): Ser Tão

meu amor, viver é muito perigoso:
soldados amarelos meninos sem nome
vitória é baleia nadando na poeira
à caça de preás pro jantar
pelos chãos ardentes rachados de sóis.

pão ou pães
nem um pé de plantaçães
cactos fatos pés que passam
fome & sede que maltratam
depois matam de saudade –
adeus rosinha
levo comigo nossos sertães.

que braseiro que fornalha
o mundo coberto de penas
é anúncio de mais seca
o jeito é fugir pra onde?
é o destino.

meu amor,
eu quase que nada não sei.
mas desconfio de muita coisa:
o sertão é o mundo e os jagunços
somos nós.

aqui a estória se acabou.
aqui, a estória acabada.
aqui a estória acaba.

Poema nº 6 (Top 9 - Poema baseado em imagem): Branco gelo

sob o sol a vida passa
através dos pés se arrastam
passos pisos pegadas
parcas marcas evaporam
como o suor da face.

branco que se esvai com o tempo
a cada momento menor;
mãos que tentam põem à frente –
quanto mais quente, pior –
calos que se calam na dormência
do impossível que se repete
em fricção sem revés.

sob o sol a vida voa
caçoa pingo a pingo
atordoa por fora de seu habitat;
branco que se destaca e destoa –
ossos expostos em contramão –
só milagres acontecem
o resto aos olhos dos outros
é simples e pura diversão.

Poema nº 7 (Poema em homenagem ao autor favorito): Azuis

pouco importa que seja
azul o gato/galo/cavalo
pouco interessa se hoje
suas ideias não sejam vermelhas
teu nome – josé – já esteve
em outro poema – e agora?

dentro da noite veloz
nós – eu, teu assíduo leitor;
eu, pretenso poeta – te trago
via retinas do exílio das páginas
que têm sentido somente se abertas
espertas a se/te doarem em sua essência
mais robusta: teus versos.

em vias paralelas, como euclides
aguardo o dia em que nos encontremos
via palavra, minha busca, teu nobre ofício,
no infinito mais escuro e denso
que o apodrecer natural de frutas maranhenses.

contradigo-te-me e a teus versos
vértices de um triângulo de n lados:
que jamais jazam calados
sempre colados concretos colírios
aos azuis – pouco importa se sujos –
poemas em constante luta corporal.
Poema nº 8 (Top 5 - Sonetos): Putz!

Apareçam, palavras; venham, musas,
façam-me chegar “métrica” das brumas
que as anunciem, por favor! Confusas,
só tenho ideias bestas: mais algumas

tentativas romper-se-á a folha
de tanto desmanchá-la vou-me embora
doendo-me a cabeça, mão com bolha;
num último suspiro, caio fora

disto aqui: geringonça atrofiada
que não quer andar qual mula empacada.
Bom mesmo se eu jogasse melhor bola

não estaria aqui, nesta gaiola
chamada de poema, vã quimera:
peço socorro a musas, vem-me a fera.

Poema nº 9 (Top 4 - Pai - Uma Homenagem): Coração de pai 

De ti
herdei muito mais que o nome:
estas orelhas grandes
denunciam que sou teu filho
sem a menor dúvida!
Somos rubro-negros sem brecha
pra um segundo time, já que um
coração só quase não dá conta
do flamengo. Somos teimosos feito
mulas quando empacam; quando
não me ligas, reclamo depois de
ouvir tua bronca por eu não
te ligar! Temos saudade da mesma
Maria – Tafuri do nosso orgulho!

De ti
herdei muito mais que um sem número
de manias, de gestos, de gostos:
eu te amo, meu pai,
muito mais que num poema ao teu coração.

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