segunda-feira, 30 de maio de 2011

Ivanúcia Lopes

Condição na competição:
Eliminado.
Venceu:
3 Campos Platônicos
Data de nascimento:
02/07/1987
Cidade:

Marcelino Vieira, RN
Profissão:
Jornalista e assessora de Comunicação
Partido político:
Não possui.
Gosto literário:
Fernando Pessoa, Clarice Lispector, Manuel Bandeira, Carlos Drummond de Andrade  

O que significa vencer este concurso?
Para Ivanúcia, a vitória neste concurso significaria trilhar novos horizontes. Ela não tem grandes ambições, mas alimenta um desejo intenso de "palavrear" aquilo que toque o coração das pessoas. Encanta-se com o dom das palavras, a sensibilidade, a imaginação... Ganhar esse concurso permitiria, para Ivanúcia, realizar um tanto desse sonho que por tantas vezes já foi beirou a desistência, por falta de uma cantiga de ninar.
O que o tempo representa para Ivanúcia Lopes?
A concepção do tempo tem sido muito discutida desde o início da cultura ocidental, até hoje. A sua relatividade em nossas vidas tem sido assunto de debate entre os filósofos e entre os cientistas, tema de pesquisas, reportagens especiais, desabafos, crônicas, poemas... Tem sido, inclusive, debatido nas calçadas, por pessoas de mais idade, e até por adolescentes nas confissões da tenra idade. E o que seria o tempo, então?  Talvez, assim como para a física, uma grandeza fundamental, sobre a qual não cabe definição. Acho que é bem assim: uma construção fictícia do homem para explicar a dança do sol e da lua. Um tiquetaquear que justifica as corridas, as chegadas, as lembranças e as esperas. Não se pode guardar o tempo numa caixinha. Nem roubá-lo. Nem dá-lo a ninguém. O que se pode fazer é eternizá-lo

Poema n°1 (pré seleção): Vira e mexe, eu me descubro

Com medo, cubro o rosto: deixo os pés de fora.
Me recolho. Me encolho.
Não tem jeito: vivo me descobrindo.
- o meu lençol encolheu ou meus medos que cresceram?

Poema nº 2 (Top 17 - O Velho e o Tempo): Passatempo


Nas rugas. No olhar.
Um risco. Rabisco. Um cisco.
Marca do tempo no velho.
Brilho do tempo no novo.
Mão em punho. Rascunho.
Ansiedade. Destino. Ocasião.
Passa velho. Passa menino. Passa a estação.
Arrisca um passo.
Risca um traço.
Passa a limpo.
Passatempo.

Poema nº 3 (Top 15 - Haicais): Mosaico
Cacos de gente por aí.
Se emendando.
Decorando paredes.

Poema nº 4 (Top 13 - Crítica Social): Gente Pequena

Vi ontem no acostamento
Gente pequena de sonhos carcomidos
Sem esperança, pedindo esmola
Passando fome, passando frio, cheirando cola.

Vi ontem no sereno
Gente pequena sem ter pra onde ir
Sem esperança, de pé no chão e com o pé lixo.
De pé na cova. Feito germe. Feito bicho.

Vi ontem na escuridão dos becos
Gente pequena vendendo o corpo
Sem esperança, com salto alto e vestido curto
Errando o passo. Pisando torto. Sonhando miúdo.

Vi ontem. Anteontem. E há muito tempo.
Nas margens escuras, ou na luz do dia.
Nossa esperança sequestrada.
Esperando o resgate.

Poema nº 5 (Top 11 - O Sertão): Bem-te-vi

Pra Ser tão feliz assim
E Ser tão abençoado
Bem-te-vi naquele dia
Fez canto de alegria
Com o teu sertão banhado.

Poema nº 6 (Top 9 - Poema baseado em imagem): Autoapresentação

Escrevia no ar e apagava com poses.
Soletrava borboleta e fingia voar.
Saltitava de leve o chão da calçada.
E rodava os pés sem querer parar.
Cruzava os braços nas costas, confiscado.
Depois girava pra qualquer lado.
Como se tivesse hélices ao invés de braços.
Pairava no ar feito beija-flor.
E jogava beijos e mandava abraços.
Subia no palco, inventava um passo.
Dançava tango sem ter parceria.
E se jogava na calçada fria.
Sem ninguém ter aplaudido.
Sem ação qualquer do público
Preferia o absurdo
Sem lógica e sem sentido.

Poema nº 7 (Top 7 - Poema em homenagem ao autor favorito): Bandeira tinha razão

Vi uma estrela tão alta e fria, como a de Bandeira.
E me senti tão vazia.
Um ser distante. Estranho. Feito lagarta listrada.
Feito bicho solto na imundície.
Feito louca. Rastejando e sendo olhada.
Quis pegar o trem de ferro para ir visitar o rei.
Passar o dia a toa. Feito andorinha.
E ver a estrela da manhã, só minha.
Quis ser feliz nas ondas do mar. Esquecer tudo e descansar.
A eternidade está longe, mas ainda no meu destino
Eu quero, como o poeta, a delícia das coisas simples.
E talvez ainda me reste, ensaiar um tango argentino.
Sem pensar na arte de amar, sem querer aquele menino.
E se fosse pra mim o conselho pra Tereza
Eu teria te ouvido, Bandeira.
Porque estou farta desse sujeito sentimental.
Com lágrima e sem coração.
E eu que já tomei tristeza, levaria essa lição.
Vou mimbora.
Vou depressa.
Vou correndo.
Bandeira tinha razão.

Poema nº 8 (Top 5 - Soneto): A partida de um anjo

Quando meu anjo partiu fazia sol
O céu estava azul clarinho
Vi pelo vidro ainda cedinho
Antes que eu ficasse assim tão só.

A noite toda naquele hospital
quando recordo sinto um aperto
Ela tomava meu braço direito
Olhava profundo e eu ficava mal.

Era tão cedo, mas estava no fim
Olhava como alguém que implora
Pra que o mundo não se apague assim.

Quando meu anjo mãe foi embora
O dia claro escureceu pra mim
Hoje com o céu azul, meu peito chora.

Poema nº 9 (Top 4 - Pai - Uma Homenagem): Cheganças
Ele chegava sempre que o sol se escondia.
Chegava sujo.
Com a roupa cheia de tinta.
E o chapéu cheio de terra.
Chegava cansado.
Com calos nas mãos.
E peso nos ombros.
Chegava arrastando o chinelo e empurrando a bicicleta.
Mas sempre chegava.
E tudo ficava claro.
Como se trouxesse o sol pra passar a noite com a gente.
É meu pai, coisa de criança!
Mas ainda aos vinte e poucos anos
sempre que o sol vai embora.
Eu lembro das tuas cheganças.

Poema nº 10 (Top 3 - "Ai, o amor... Hum, o sexo!"): Vontade de amor (Poema de amor)
 
Coração ferido.
Ele sempre acredita no amor.
E sempre se arranha.

Fiz curativos com romances baratos.
Que empoeiravam a livraria da esquina

Achei que tinha resolvido.
Abri a janela de casa e pus uma flor no vaso.
No cabelo, um laço de fita.

Espiei passos leves, empoeirados.
Senti borboletas fazerem a festa
Tive vontade de acompanhá-las
Estava o amor escrito na testa

Todas as tardes ele vinha
Deixei entrar.
Pedi pra tirar o chinelo.
-Tenho alergia à poeira. Disse.
Coisas de amor mal-curado.
 
Poema nº 11 (Top 3 - "Ai, o amor... Hum, o sexo!"): Delicadamente (Poema erótico) 
 
Repousa tuas vestes pelo chão da casa
E descansa teu corpo no meu.
Aquece teus sonhos nesse peito nu
E circule meus lábios com os dedos teus.
Contorna essas curvas com tuas mãos quentes.
E faz delirar com suas carícias.
Envolve em teus braços com forte desejo.
O capricho e o prazer
Com a malícia no beijo.
Enlaça tuas pernas na minha cintura
Delicadamente.
Provoca gemidos
Latejo e loucuras
E rouba a calma desses batimentos.

(...)

E se encaixam.
Sob as vestes que forram o chão.



6 comentários:

Josileíde Eliane disse...

PARABÉNS IVANÚCIA LOPES PELOS LINDOS POEMAS! ESTAMOS TORCENDO POR TI!

Fátima disse...

"Se descobrindo" nesse "passatempo","mosaicos" de sensibilidade são fincados nos olhos de toda gente:grande e pequena.Assim, coloridos, caleidoscópicos, multifacetados e repentinos como o bater de asas de um "bem-te-vi".Parabéns, menina.Orgulho-me de você.

Fátima disse...

Torcendo por você, Ivanúcia!

Anônimo disse...

Agradeço os comentários!!
A torcida de vocês é um incentivo pra minha luta diária.

Admiro muito as duas!!

bjos!!

Ivanúcia Lopes

Nubinha disse...

Parabens Ivanúcia, seus textos são lindos!

estamos torcendo por voce!
Sucesso menina!

Anônimo disse...

Maravilhada com tudo... como sempre!
Parabéns!

Dayane!