domingo, 29 de agosto de 2010

Ponto.



Alguns minutos. Por uma vida. Alguns momentos. Para sempre.
Uma música que toca bem baixinho. Um lembrete. Para viver. Sorrisos.
Carinho. Novidades. Beijos. Tardes. Noites. Bilhetes. Fotos. Cartões.
Chocolate. Flores. Surpresas. Discussões. Abraços. Lágrimas.
Encontros. Companhia. Saudade.Compromisso. Filme. Edredon.
Ciúme. Mensagens na madrugada. Festas sem graça. Restaurantes.
Cinema. Perfume. Intimidade. Poesia. Viagens. Sol.
Alguns sonhos. Por nada.
Palavras não ditas. Sussurros jamais pronunciados.
Rostos desconhecidos.
Alguma sanidade. Em meio À loucura.
Algum ar. Em meio à fumaça.
Com ou sem você.
Com seu sorriso. Ou sem sua alegria.
Com o seu abraço. Ou sem a sua presença.
Com o seu amor.
Ou sem a indiferença.

Alguma esperança
e ponto.

sábado, 28 de agosto de 2010

"Céu de fogo" - preload


As luzes ainda lhe ofuscavam os olhos. Remexia naquela única gaveta embutida na parede de uma sala redonda, imensa e vazia. As paredes brancas refletiam a luz exagerada do teto e davam a impressão de que a sala toda brilhava. Suas mãos trêmulas encontraram a pequena pasta com seu nome completo e foto na capa. Quando abria para ver seu conteúdo ouviu passos atrás de si.
Os dois homens olhavam-lhe confusos, parecia completamente impossível que ela pudesse estar ali, depois de algum receio, correram em sua direção. Ela ficou um momento paralisada e imaginou que os dois poderiam pelo menos não ser tão grandes e fortes quanto os seguranças que via nos filmes, mas seus passos quase faziam o chão estremecer. Tentou afastar esses pensamentos e planejar uma fuga, a saída para a escada ficava a cinco metros de onde estava mas eles poderiam chegar até la tão rápido quanto ela, não havia chance de fugir a menos que pudesse atrasá-los. Foi então que viu o pequeno interruptor ao lado da gaveta, um lugar muito incomum para se achar que ele acionasse as luzes mas não custava tentar.
Para seu alivio, as luzes se apagaram gerando exatamente a escuridão que imaginava, seus olhos, acostumados com o brilho ofuscante, não enxergavam mais nada à sua frente, os homens também hesitaram por um momento diante da escuridão e ela aproveitou para correr em direção a única e pequena luz existente que vinha da escada.
Apesar de conseguir alguma vantagem ao apagar as luzes, eles já estavam em seu encalço e eram muito mais rápidos, tentou forçar um pouco mais, pular de dois em dois degraus mas era inútil. A escada em caracol parecia interminável. Com a proximidade dos perseguidores, entrou em desespero e passou a descer em grandes saltos até que em um momento, percebeu que seus pés não tocavam mais o chão, mergulhava pela escada abaixo cada vez mais rápido.
O momento de alívio dessa descoberta durou pouco, atrás dela, os dois homens também voavam e se aproximavam de novo, à sua frente surgiu o fim da escada e uma porta, mas antes que pudesse alcançá-la uma mão segurou seu calcanhar. Ela soltou um grito e sua visão começou a escurecer-se.

Abriu os olhos atordoada, o rosto já vermelho de vergonha. O suor escorria de sua testa enquanto olhava à sua volta procurando por testemunhas. A biblioteca estava vazia como sempre e dona Lúcia cochilava em sua mesa, suspirou aliviada e, mais uma vez, prometeu a si mesma não ler mais tantos romances policiais seguidos. Alena levantou-se, o rosto marcado pelo livro sore o qual dormira, pegou-o e caminhou lentamente até as poucas e velhas estantes amontoadas num canto. Ao voltar, checou a cesta na cadeira ao lado, estava vazia, alguém havia se aproveitado de seu cochilo para roubar os últimos bombons. Deu de ombros, com uma sensação de alívio, não queria mesmo que eles estivessem la. Procurou pelo dinheiro arrecadado na manhã em seu esconderijo dentro da bolsa, estava lá. Satisfeita, pegou suas coisas e foi em direção à porta, olhou para dona Lúcia e pensou se deveria acordá-la, mas decidiu deixá-la descansar um pouco mais, a tarde para ela não seria tão silenciosa quanto a manhã. Ao sair, mudou a plaquinha improvisada de cartolina para “fechado” e pendurou-a de volta na maçaneta, virou o corredor e abriu a próxima porta, que dava para o caos exterior.
Atravessou o pátio até o portão do colégio, apesar de não ter muitas pessoas, a desordem habitual estava presente, em um canto, duas garotas se socavam espalhando gotas de sangue, cercadas de rapazes enlouquecidos que gritavam incentivando a briga. Nas mesas à frente, elementos um pouco mais civilizados berravam jogando cartas. Parou de olhar para os lados temendo arranjar confusão, e saiu em direção ao vento abafado da rua.

Nova cara do Autores

Amigos autores s/a,

Não se espantem, este continua sendo o nosso querido blog Autores S/A, rs.
Há algum tempo alguns autores, eu, inclusive, vem desejando uma mudança no layout do Autores. Apesar da originalidade que se estabelece, a tradição, a associação mental, enfim; embora haja desvantagens na modificação do velho para o novo, acredito que esta seja uma atitude (radical? talvez) que se concretiza necessária.
Mudança! Novos olhares!
Enfim, este layout não é oficial. Preciso da opinião de todos, por favor. Autores e leitores.
Escolhi por este sem muita hesitação; trata-se de um novo design lançado pelo Blogger, e logo que pus os olhos, achei que fosse compatível com a sobriedade que sempre mantivemos em nosso blog, além de dar uma ''luminosidade'' maior, digamos assim. The darnkness enjoou um pouco, não?

Por favor, qualquer crítica, façam no comentário, ou enviem para o meu e-mail, Orkut; podem me ligar e xingar, se quiserem (só não me liguem às seis da manhã, isso seria requinte de maldade, ok?).

So... É isso.
Abraços!
Lohan.

Papel higiênico


Papel higiênico
Papel higiênico
Papel higiênico

Papel higiene cu
Papel higiene cu
Papel higiene cu

Papel higiênico
Papel higiênico
Papel higiênico

Projeto Literário Delicatta na Caras (Edição 877 - Ano 17 - Número 35)

Estudo deliberado da mulher e seus afins


Mulher gosta é mesmo de homem cafajeste. Eis o motivo da generalização: de que nós, homens, somos todos iguais (sob o ponto de vista negativo, é óbvio. Elas não seriam capazes de repousar sobre as nossas cabeças uma auréola, jamais. O orgulho as impediria). Elas não dão o braço a torcer, não assumem que amam os que não lhes dão valor. Logo, generalizam, e fingem que tudo é normal.


A mulher costuma ser masoquista. Adora alimentar uma esperança patética, enquanto come o pão (isso quando há o pão) que o marido amassa. Não, ele não é padeiro. É safado mesmo. E ela permanece ao lado dele, mesmo na ausência dele.

Tem aquelas que terminam um relacionamento e terminam de viver. Homem vangloriado! Imagine a fruição de um ex que assiste de sua janela a expiação de sua ex. Os homens sabem que, na verdade, a mulher é um ser que remói passados que prometiam futuros bons. O homem se firma nessa idéia, he’s the unique in her life. Uma hora ela cede. E, vejam bem: ceder é uma palavra muito significativa na concepção masculina.

Entretanto, existem aquelas que se separam e no dia seguinte, a fim de registrar no cartório da sua cabeça oca uma carta de independência, agarram o primeiro indigente que cruza seu caminho e engata um lance. Um lance, é, um lance. Só se dá umazinha. Quem dá mais? Ninguém. Objeto leiloado. Quem ganha é o desconhecido. A mulher machuca o ex, e se machuca. Ela acaba de perder o seu valor na cama (ou na calçada) de um ser ambulante qualquer. E isso para que? Só para dizer: agora sou independente. Seria mesmo? A dependência continua, porém, implícita. Ela está louca para voltar. Só de pensar que o seu ex pode se arranjar com outra sirigaita (esse adjetivo cabe à sua acepção de mulher nessas circunstâncias), ela definha.

Mulher versus mulher. Quantos casos de traição na ala masculina, não? Mas um homem não trai a sua mulher trancando no banheiro, batendo uma com a edição da Cléo Pires sobre a perna? (talvez seja uma espécie de traição, mas nesse caso teríamos que clivar o termo traição em graus, e isso, agora, está fora de cogitação).

A mulher resiste o quanto pode (digo, a mulher que foi educada para tanto). A resistência é, sem dúvida, o as do seu baralho. Só que elas costumam resistir aos homens certos. E no fim das contas, entregam-se ao primeiro cafajeste que encontram.

Idiotas. As mulheres, e os homens. Os homens por se deixarem seduzir tão facilmente, e por sentirem o peso da iniciativa. As feministas lutam tanto para se igualarem aos homens (me refiro à imagem de poder masculina impregnada na sociedade) e ainda sim, nos bailinhos de fim de semana, são raras as mulheres que “chegam” nos homens, que demonstram seu interesse, seu desejo, sua libido aflorada. Um exemplo tosco, pode ser. Ou não. Pra falar a verdade, eu percebo que muitas mulheres “chegam” sim, mas nos homens comprometidos. Elas amam uma disputa, é incrível!

As mulheres, tomadas pela cegueira de um pudor irredutível, fruto de uma educação rígida ou de um trauma (possivelmente causado por um homem, o que a torna mais idiota); ou tomadas pela abundância da depravação (também em prol do homem - ou para seduzí-lo, ou para afrontá-lo).

Homem goza, mulher goza, todo mundo está imerso na orgia. A mulher precisa se dar o valor, sim. Mas também precisa tomar atitude. Para de sofrer pelos cantos da casa, de ler textos suicidas, de vender o corpo por causa de um falo que nem endurece mais por você. Tome as rédeas da situação, e sejam mulheres! E não protótipos de mulheres.

Isso não é uma declaração de guerra. É uma declaração de amor.

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Quinta Old Times - ed. I


Pra começar, nesta noite boazuda de inverno, quero mandar um grande abraço a todos os internautas que estão sintonizando a 25.7, freqüência Autores S/A, e a todos que chegarem depois. Eu sou Camillo Landoni e este é o Quinta Old Times, seu “post-radio” dedicado aos artistas, às canções e às bandas que, embora situadas no passado cronológico, nunca ficarão para trás.

Pelo menos uma vez a cada dois meses eu espero apresentar sempre às 23:45 o programa de flashback Quinta Old Times. Sejam bem-vindos e divirtam-se!


Então, PLAY!







Na primeira parte do programa: RPM (não havia festinha nos anos 80 sem essa, Rádio Pirata), Phil Collins, numa inesquecível parceria com Philip Bailey, e fechando bem gostoso esse módulo vocês ouviram a voz muito rouca de Kim Carnes.


Agora ouvintes e companheiros internautas, só gravações ao vivo, aliás, escolhidas a dedo. Então, Play! E bom show!!!




Vocês acabaram de ouvir três grandes momentos ao vivo, o primeiro com a banda norte-americana Chic, uma sacudida disco daquelas, num instrumental, num swing funkeado de cair o queixo. Depois meus ouvintes que viveram os anos 80 mataram saudades da contagiante apresentação do Barão Vermelho no apoteótico Rock in Rio. E por último Duran Duran, Save a Prayer. Preciso dizer mais alguma coisa. Sim, mas só depois com a última parte do nosso programa.




De volta, mas sem nostalgia, só matando saudades...

E sem muita conversa é jogar o cabeçote pra cima e deixar a fita correr.








Meus queridos ouvintes atualizados, oldetes da madrugada, das manhãs ou da noite, antes de encerrar nosso primeiro Quinta Old Times, inauguro nesse instante o espaço que eu mesmo batizei de:

"5UINTA-FEIRA 13"

Este espaço de flashback
é reservado às bandas de Metal e Hard Rock:
E pra começar, ele, a Tia Alice e sua trilha para o sexto filme de Jason.

Até a próxima, superincríveis ouvintes!
Fiquem então na companhia doce e bucólica de Alice Cooper.

Ciao a tutti!


XIV. Camillo Landoni
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sábado, 21 de agosto de 2010

Sonho?


Deitado em minha cama
Acendo um incenso antes de dormir
A fumaça com sua dança majestosa
Vai tomando e perfumando todo o ambiente

Minhas pálpebras começam a pesar
E meus olhos começam a lacrimejar

Uma silhueta feminina vai se formando
No meio de toda aquela fumaça
E em minha direção vem andando
Oh! Como é graciosa!

Quero me levantar, mas não consigo
Já não tenho controle sobre meu corpo

A bela ninfa continua a caminhar
Até em minha cama chegar
E com um suave sopro em meu rosto
Faz-me finalmente pegar no sono

Capa da Antologia DELICATTA, da qual participo com 3 poemas

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Like a... Madonna !

Buenas, leitores autorizados!

Como estamos na semana em que a Rainha do Pop, Madonna, que tem 7 letras, 5 diferentes e 2 que se repetem, completou 52 anos de vida, nada mais justo do que publicar um post quase inteiro para ela. Quase, porque reservei um lugarzinho para os meus convidados da sorte.








Para Madonna Louise Ciccone,



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Esse post modestamente confeitado é só um sopro de memória, se comparado a tudo o que viveu em suas três décadas de carreira essa que é uma das maiores e a mais bem-sucedida cantora pop que a minha geração e também todas as gerações seguintes conheceram. Uma força inigualável, de magnitude realmente estelar. Uma mulher que parece sempre olhar para frente, que soube como ninguém pintar a cena pop com tonalidades de um barroco trazido às luzes (ou às trevas) do contemporâneo. Dualidades tipo o sagrado e o profano; conflitos entre castidade versus sensualidade; o decoro, a retidão e moderação nas cores e nos gestos contra a explosão e força na indecência berrante, que contagia justamente porque ardente é a liberdade do ser apaixonado, tudo isso dançando e queimando em imagens por sobre letras que passaram com o tempo a revelar um pouco de suas próprias memórias.




Entre altos e baixos, trabalhos de qualidade e outros de gosto duvidoso, essa mulher de incisivos ligeiramente separados parece sempre renascer. Definitivamente Madonna começou (?) como uma virgem (que nada, ela já era um sucesso antes de entrar nos palcos perguntando se alguém da plateia gostaria de lhe tirar a virgindade, se casando com ela) e atravessou fases de provocante imoralidade (marketing eficiente e forte), censuras (lucrativas), e vivendo dias difíceis na vida particular, e passou por todos os dias difíceis, todos, para hoje estar de casamento marcado com Jesus. Quem diria, Madonna encontrou Jesus. E quem diria, Jesus por ela se apaixonou. A vida não é irônica? Sim, e também é triste, dolorosa, serena, repleta de variações e imprevistos. Mas a vida deveria ser sempre como a Madonna vestida de vermelho vivo, de paixão, dançando La Isla Bonita. O melhor da vida é isso, ritmo gostoso, alegria, é festa, e arrebatamento.




As 52 velinhas do bolo:
Sobre Madonna:

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1. A aplicada aluna de dança, arte para a qual ingressou contrariando a vontade do pai.


2. A versátil instrumentista das primeiras bandas.





3. A menina dura de grana que faz bicos até cair nas graças de Mark Kamins, produtor que leva uma gravação para a Sire Records. Na fita canções criadas por Madonna.





4. O primeiro contrato com uma grande gravadora.




5. O primeiro single.
(enorme sucesso no Brasil.)






6. No ano seguinte o primeiro álbum.

7. Holiday alcança o top 100 da Billboard.





8. O cinema
(Procura-se Susan Desesperadamente).


09. Like a Virgin arrebata as paradas de sucesso.


10. A primeira turnê.



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11. Sean Penn.

12. Em 1986 lança o álbum de maior sucesso comercial, True Blue, que contém a música que eu mais amo de toda a carreira dela (assistam ao vídeo e ouçam minha preferida). Mas considerando que sou apaixonado por muitas canções ao longo de sua discografia, soa estranho até para mim mesmo ter uma favorita.





13. Separação, Sean Penn.

14. O clipe de Like a Prayer (que música, que arranjo!!!) é lançado sob uma saraivada de críticas e polêmicas por causa da falta de decoro da profana Madonninha à frente de certa imagem sacra, cruzes enormes de madeira pegando fogo... Vigor, belo canto, dança, energia! Lindo vídeo!



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15. Sucesso no cinema, com Dick Tracy.
Na trilha, ela interpreta a canção Sooner or Later, vencedora do Oscar.


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16. Com o lançamento da coletânea Immaculated Collection, o clipe Justify my Love domina as paradas na MTV brasileira. O vídeo é banido da TV americana. A igreja iria sentir saudade de Like a Prayer.





17. As performances um tanto 'assanhadas' durante a música Like a Virgin, na turnê Blondie Ambition, momento editado e transformado num clipe, que a MTV brasileira transmitiu exaustivamente.





18. Madona recebe o Grammy pelo vídeo 'assanhadinho'.

19. O álbum Erotica é lançado. O livro ‘Sex’ também.
Muito erotismo, pouca venda
(para o potencial de uma Madonna).
‘Só’ 7 milhões de cópias do disco.

Campanha para a Louis Vuitton

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20. 1993: Madonna vem pela primeira vez ao Brasil, com a turnê The Girlie Show.








21. No cinema, Corpo em Evidência: eu assisti a esse filme ao lado da minha primeira namorada. Lembro das cenas de Sadomasoquismo, das velas... Tão inocentes, e eu com 16 anos achando tediosas. Será que eu esperava mais das velas? Ou será que esperavam mais de mim?





22. Depois da carga pesada de erotismo
o lançamento do álbum Bedtimes Stories é um refresco nas polêmicas.






23. Mais prêmios, dessa vez pela MTV.
24. Coletânea de baladas.
25. Nela, a linda e inédita You'll See.
www.youtube.com/watch?v=zyFzpBAZICc&feature=channel




26. Evita!
27. Mais um Oscar, mais uma canção interpretada por Madonna para a ocasião.
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28. De Andrew Lloyd Webber, You Must Love Me.




29. E não é que a música levou o prêmio.
30. Pezinho quente o da bailarina...

31. A primeira filha, Lourdes Maria, vem ao mundo.





32. Vencedora do Globo de Ouro por sua atuação em Evita.




33. Mas nada no Oscar, nem sequer uma indicação.

34. No álbum Ray of Light a sonoridade é de vez eletrônica.
35. Ray of Light ganha quatro Grammys.

36. Madonna, mais prêmios.

37. Mais filho.

38. Marido a essa altura quase ex, Guy Ritchie.

39. Mais trilhas para o cinema.
40. Mais turnês.



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41. Mais teatro.

42. Fracassos cinematográficos.

43. (flerte razoável)
música e atuação discreta, apesar dos sabres, em James Bond, Die Another Day.


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44. Britney Spears, a noiva. Madonna, o noivo. Beijokinha. Mais polêmica.


45. Livros e mais livros infantis.









46. Retorno às pistas de dança com o álbum Confessions on a Dance Floor.





47. Adoção (vide o n° 37).

48. Consolidada a parceria com Justin Timberlake,
Madonna lança Hard Candy.
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49. Nova separação matrimonial.

50. E finalmente Jesus.





51. Em 2010 a Diva do Pop assistiu ao carnaval carioca,
o do sambódromo pelo menos.

52. Atualmente a cantora está produzindo um filme sobre Eduardo III.




Imagem da última turnê, Sticky and Sweet


Lugar Reservado para os meus convidados da sorte. Mas também para os leitores autorizados, estes, meus convidados ilustres. Agradeço a presença de todos que vieram e apagaram as 52 velhinhas desse post.
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Meus convidados da sorte:
Pra animar ainda mais a festa!!!!
























DANCE ! DANCE ! DANCE ! DANCE ! DANCE ! DANCE !












CAMILLO LANDONI

XIII.

Dia Mundial da Fotografia.


Hoje eu dei um pulinho super básico e rápido aqui para informar que hoje é o Dia Mundial da Fotografia!

Então deixo o meu parabéns para os profissionais, amadores, aprendizes e apaixonados por essa arte.




No dia da minha postagem, eu prometo complementar esse dia TÃO importante; afinal, vivemos num mundo completamente visual. A imagem é para ser vista, lida, compreendida e analisada. Com a liberdade para cada um entender da forma como quer.

Então...
Divirta-se!

Beijos estralados.

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Gracias! Gracias!



Queridos amigos Autores!

Vim aqui para dizer que nào tenho dado conta de postar com assiduidade e constância que preciso...
E tomada de trabalhos para fazer, decidi por sair.
Mas não poderia fazer isso sem agradecer a tudo que me deram.
Ao espaço concreto para minhas palavras, pensamentos, sentimentos.
Ao espaço afetivo e acolhedor que a Andréa linda me abriu e que vocês todos foram tão receptivos.
Na verdade considero vocês o máximo. Talentosos. Esforçadíssimos.
Leio seus textos, embora quase nunca comente e penso que podem voar longe.
E agradeço também pelo passeio que me deram em suas asas...
Voo leve, suave, que só me fez ver mais e melhor e, o mais lindo, edificou minha sensibilidade...
Deixo um beijo no coração de cada um, profundamente amoroso.
Vocês tem meu e-mail, quando quiserem dar um alô.
Para ser inteira é que saio sem deixá-los, porque agora moram em minha alma!

Gracias! Gracias!
Claudia

As vidas de um livro (Quinto e último post)

AGRADECIMENTOS

Obrigado, primeiramente a Deus, pela força e pelas ideias, sempre, sempre, as quais me alimentam dia-a-dia, e geram histórias como esta.

Obrigado aos amigos que acompanharam, e os que não acompanharam também! Todos fazem parte desse mundo, esse meu mundo literário; sobretudo nessa história, né, rs.

Obrigado por existir o Autores S/A.

Obrigado pela paciência de vocês! Ana, eis a última parcela do seu presente! rs

Bom... Vamos ao que interessa, não?
Último capítulo!

Peço licença aos nobres autores de hoje para realizar essa postagem.

(Deixem seus comentários no final, com vossas opiniões a respeito da história, em geral. É muito importante pra mim a visão de vocês. Obrigado! :)

Capítulo 10







“PERDIDOS E ACHADOS”





-Então você sabia de tudo, Andréa... Por que não me contou desde o início, quando eu fui à escola? Por que mentiu?


-Eu não podia revelar uma história dessas a um desconhecido. A Simone me confiou esse segredo, eu... Eu nunca esperei que um dia isso tudo viesse à tona. Quando ela me deu o livro, ela disse que fazia isso para entregá-lo nas mãos do destino. Ela me disse que já tinha feito isso uma vez, e que o livro retornara às suas mãos. Eu, pra não ficar carregando esse fardo, decidi passá-lo à frente também. Coube ao destino cuidar desse livro...


-Por isso você dizia que esse livro tinha história, mas nunca entrava em detalhes. Nossa... Quanta coisa seria evitada se você tivesse me dito naquele dia!


-Lohan, tente entender a minha situação. Eu não levava fé na sua busca também, achava que nunca ia encontrar a Simone! Você superou todas as minhas expectativas, é um grande de um teimoso!


-Por que resolveu contar tudo isso pra Camila? Por que contar a ela?


-Não sei, eu resolvi contar, não sei. A Simone já estava morta, ela ia testemunhar a seu favor... Ela precisava saber o que estava por trás dessa trama toda.


-E ela, com toda sua astúcia, se aproveitou dessa bela informação e resolveu chegar até a Karina antes de mim e chantagear a coitada.


-Só que eu não disse a ela o nome da Karina, até porque eu não sabia! Eu sabia sim, que era uma jornalista, mas não sabia que era Karina o nome dela. A Camila me ligou hoje de manhã, me dizendo que tinha conseguido o nome da jornalista quando foi depor a seu favor, já tinha pegado o livro e que já estava à caça dela para chantageá-la.


-E você, não disse nada?


-Eu pedi pra que ela desistisse daquilo, que não levaria a nada! Brincar com o destino é coisa séria! Ela chegou a me oferecer uma parte da grana que ia conseguir, ah... Adiantou alguma coisa? Ela é completamente doida! Fez o que fez, e deu no que deu... Eu confesso que não esperava essa atitude ousada e maléfica da minha colega de trabalho... Soubesse disso, não teria contado a ela jamais essa história toda. Eu tenho uma grande parcela de culpa nisso tudo. Quando você me falou da morte da Karina, eu... Eu quase tive um troço!


-O leite já foi derramado.


-O sangue, né! O sangue!


-Mas que história louca, não? Eu nunca imaginei que essa dedicatória tivesse sido escrita de irmão para irmã. Um irmão apaixonado pela irmã... E a Simone também não era flor que se cheirasse, hein... Extorquiu a melhor amiga, sem contar os escândalos que ela se meteu depois.


-A Camila tomou o exemplo dela. Inacreditável essa minha colega de trabalho, inacreditável... Maldita a hora que fui abrir minha boca! Como já dizia minha avó, língua é pra comer com batata. Dentro da boca, não presta.


-Andréa, isso significa que nem tudo está acabado – Disse Lohan, a um sorriso entusiasmado.


-Hã?


-A Karina morreu... Provavelmente a irmã dela irá ao enterro, essa tal Bia. Será o momento de eu finalmente cumprir a minha missão, Andréa.


-Lohan, faça-me um favor! Depois desse trelelê todo que deu até em morte, você ainda quer seguir em frente com essa idéia?


-Só falta um passo, Andréa! Um passo! Eu não posso desistir agora. Eu confesso que ia sim desistir, mas toda essa revelação me dá a chance de continuar. Tudo isso não pode ter sido em vão.


-Você é quem sabe, garoto. Não conte mais comigo pra nada, chega de me meter nessa confusão. Já basta esse sentimento de culpa, e essa angústia pela Camila. Se você quer ir, vá. Mas não toque no meu nome. Entendeu bem?


-Claro, Andréa. Você errou em ter dito a verdade à Camila ao invés de mim, mas soube se redimir, me contando agora.


-Se eu não te contasse, correria sério risco de ser encontrada degolada numa esquina qualquer do Rio de Janeiro amanhã.


-Fala sério, Andréa! Acha mesmo que eu tenho cara de assassino?


-E assassino tem cara? Se tivesse, facilitaria o trabalho da polícia.


-Em breve, eu vou conseguir provar a minha inocência. Enquanto isso, preciso terminar o que comecei. Você vai ficar aqui, esperando notícias da Camila?


-Com certeza. Não arredo pé daqui.


-Ela não tem família, nenhum parente?


-A única coisa que eu sei é que ela é divorciada. Fora isso... Nádegas.


-Vou deixar meu número com você, me ligue quando souber de alguma notícia. Agora tenho que ir. Preciso saber aonde Karina Shuenck será sepultada.


-Não vá matar mais ninguém, hein, seu enfermeiro de meia tigela!




"Segue o teu destino,


Rega as tuas plantas,


Ama as tuas rosas.


O resto é a sombra


De árvores alheias".


(Ricardo Reis)


Já era noite quando os investigadores do Dpto. de Homicídios, Valter e César, recebem por e-mail um retrato-falado do suposto assassino de Simone Prado.


-Quem descreveu essa pessoa? – Indaga Valter, olhando o retrato com atenção.


-Aqui diz, no e-mail, que um casal de idosos, moradores de Copacabana, foi hoje de manhã à delegacia do Leblon e deram queixa a respeito do caso. Segundo eles, esse rapaz estava à beira da estrada no horário coincidente do crime, e o casal, generosamente, concedeu-lhe uma carona até o Rio de Janeiro. Ele vestia uma camisa preta de mangas compridas e uma calça jeans. Parecia nervoso, e tinha resquícios de mato na calça, além de lama na sola dos sapatos... Apresentou-se como Carlos da Silva, disse que morava na Zona Sul, e que tinha sido assaltado. O casal o deixou próximo à praia de Copacabana.


Após ler o e-mail, César cai em profunda reflexão.


-Tudo bate, César! Precisamos conversar com esse casal, eles são testemunhas-chave!


César torna a olhar o retrato na tela do computador... Arregala os olhos.


-Valter, imprima esse retrato!


César deu um salto da cadeira, vestiu o seu paletó rapidamente.


-O que descobriu?!


-Bora pra tocar pra Duque de Caxias. Eu sei quem é esse cara.


Os investigadores voltam àquela modesta casa, desta vez, munidos de uma suspeita latente. Uma senhora de óculos os atende.


-Boa noite, o que desejam?


-Somos investigadores do Departamento de Homicídios. A senhora por acaso reconhece esta pessoa?


César apresenta-lhe o retrato falado, colocando à altura da vista daquela mulher.


-Sim, sim! Esse é o Ernesto, meu neto!


-Então ele se chama mesmo Ernesto... – Cochicha Valter.


-Ele está em casa no momento?


-Ele ta lá no quarto com o meu outro neto. Veio passar uns dias aqui... O que querem com ele? Ele é um bom menino! – Defende a avó, trêmula.


-Acalme-se, senhora. Nós só vamos trocar uma idéia com ele. Podemos entrar?


A velha assente com a cabeça, quase sem reação. Os dois policiais entram. Ouve-se um som alto e abafado, vindo do quarto onde estavam os dois garotos.


-Então eles são primos... Apenas primos? – Insinua Valter.


-São primos, o que mais eles podiam ser? – Intriga-se a velha, ajeitando os óculos no nariz.


Os policiais se aproximam da porta do quarto, dando-lhe duas batidas.


-Eu peço pra eles abaixarem esse maldito som, mas não adianta!


Mauri abaixa o volume do som e corre para abrir a porta, já explodindo em reclamação:


-Para de perturbar, vó!...


Ele se dá conta.


-Boa noite, Mauri. Boa noite, Ernesto!


O policial acena para Ernesto, que está sentado à cama.


-O que fazem aqui de novo? Resolveram bater ponto aqui em casa? – Resmunga Mauri.


-Viemos em definitivo. Senhor Ernesto, por favor, se levante.


Eles adentram o quarto.


-Quem deu permissão pra entrarem assim? – Indaga Ernesto, já de pé, pálido feito cera.


-Nós somos autoridades. E você é suspeito de ter assassinado Simone Prado. Portanto, será levado à delegacia neste exato momento. O senhor nos deve algumas explicações.


Valter segura as mãos de Ernesto, e o algema.


-Mas, mas...


-Não! O meu neto não!! – Desespera-se a velha.


Mauri observava a tudo, em silêncio. Ele e Ernesto apenas se olhavam, eloqüentemente.


-Eu não mato nem uma barata! Eu sou inocente!


-A minha filha também é inocente, e ela já matou uma barata. – Ironiza César.


-Com base em que estão detendo o meu primo?


-Nisso.


César mostra a todos o retrato falado.


-Viemos aqui hoje cedo, e, coincidentemente, esse retrato veio parar nos nossos arquivos há poucas horas. Vamos levar o suspeito até a delegacia, e lá faremos um teste de identificação, com as pessoas que contribuíram para que esse retrato fosse feito. Caso seja comprovado... Bem, digamos que terá que rebolar.


-Penso que rebolar não seria algo tão difícil pra ele – Gargalha Valter, sempre irônico.


As faces rubras de Ernesto denunciam sua vergonha e sua raiva.


-Ernesto... Você não fez isso com a Simone, fez?


Os olhos de Mauri reluziam. Uma poça de lágrimas se formava. Ernesto fez um semblante interrogativo.


-Agora não temos tempo para discussões familiares. Senhor Mauri, peço que fique junto de sua avó. Muito em breve vamos convidá-lo a depor também. Vamos.


Eles encaminham o suspeito até o carro.


-Chamem um advogado! Um advogado! – Clama Ernesto, sendo empurrado para o banco de trás do carro.


Mauri permanece dentro do quarto, imóvel. A velha gritava à porta.


A revelação estava próxima.


“Aguardo, equânime, o que não conheço”.


(Ricardo Reis)

Mal raiou o dia e Lohan já estava de pé, debruçado à grade da sacada de sua casa. Nas mãos, o livro. A dedicatória pesava mais do que nunca. Tantas conseqüências aquela busca incessante havia trazido, tantas passagens e influências nas vidas de outrem, inclusive na sua. Sua rotina inerte, suas visões cartesianas a respeito do mundo... Tudo se transformou quando segurou aquele livro pela primeira vez.


Era meio-dia quando Lohan recebeu um telefonema de Andréa. Camila havia sido transferida para o quarto.


Por Camila, o jovem sentia um misto de raiva e desejo. Queria olhar a cara dela, e dizer palavras duras a ela. Ao mesmo tempo, tremia só de pensar na frieza que vestiria diante daquela esfinge.


-Ela está consciente, graças a Deus! – Exclamou Andréa, muito aliviada – Parece que quebrou o fêmur, foi o mais grave.


-Já pode ir visitá-la?


-Sim, eu te acompanho.


-Fique tranqüila, eu não vou matar a Camila.


-Eu não pensei nisso, idiota.


A ansiedade tomou conta de Lohan. A cada passo no corredor, um pulsar mais forte no peito. Ele e Andréa entraram no quarto. Lá estava Camila, com uma perna engessada, pendurada em uma haste; o corpo repleto de curativos. Seus olhinhos se abriram com dificuldade ao ouvir o barulho da chegada dos dois.


-Vocês?... – Ela murmurou.


-Abra os olhos, Camila. Ele está aqui. – Diz Andréa.


A professora de Literatura se aproxima da paciente, acariciando seus cabelos. Lohan permanece afastado, de braços cruzados.


-Eu devia ter morrido. Eu devia ter morrido...


-Não, não devia. Você tinha que passar por isso. Que essa lição venha ensinar muita coisa a você.


-Eu to completamente arrependida... A Karina não podia ter morrido...


As lágrimas desceram pelo olhar arrependido de Camila.


-Não vai chegar perto, Lohan?


Lohan não se move.


-Ele já sabe de tudo, Camila. Eu contei tudo a ele.


Camila fitou o jovem estudante, sem saber como se expressar naquele momento.


-Diz alguma coisa. – Ela pede.


-Você é uma mercenária, Camila. Não vale o chão que pisa. Uma golpista, suja, fria... Capaz de se deitar com um homem para roubar dele um livro! Por que? Por que tudo isso? Que grande lucro pra sua vida isso te daria? Alguns trocados... Mas o dinheiro acaba. E a sua consciência? Ela não reclama, Camila?


-Eu não vou pedir o seu perdão, Lohan. Eu não tenho esse direito.


-Eu não te daria o meu perdão. Você nunca passou de uma desconhecida pra mim. Tive a ilusão de pensar que te conhecia, de pensar que poderíamos ser... Amigos, talvez. Cheguei a pensar em uma relação... Na verdade, eu nunca te conheci. Agora sim, sei quem é. Sei do que é capaz.


-Não, não sabe. Eu também sou capaz de amar.


-Tenho minhas dúvidas. – Ri, sarcástico.


-Eu também pensava que fosse diferente. Pensava que... Que eu era tão egocêntrica, tão manipuladora, a ponto de não conseguir sentir o amor, nunca. Eu era daquelas que acreditava na inexistência do amor. Mas quando eu te conheci...


-Para, Camila. Sem apelar, por favor. O seu cinismo é digno de um Oscar.


-Eu fui fraca, ambiciosa demais.


-Camila... Desculpe pelo o que vou dizer agora, mas... Vamos fingir que nunca nos vimos. Que tudo entre nós foi uma mera aventura, uma coisa passageira. Um sonho e um pesadelo. Não me procure mais.


Os dois olhares se fixam, como arcos retesados. A flecha não é atirada. A tensão paira no ar. Lohan se encaminha até a porta, sem mais palavras. Sai, sem dizer adeus.


Dali, ele segue direto para o banheiro. Molha o rosto, desajeitadamente, e olha-se no espelho.


-Ah... – Suspira.


Seu celular toca.


-Dr. Fontes?


-Olá, meu amigo! – A voz parecia extasiada.


-Aconteceu alguma coisa?


-Sim, aconteceu. O senhor já pode se considerar um homem acima de qualquer suspeita.


-Alguma novidade no caso da Simone?! – Empolgou-se.


-Eu estou na Delegacia aqui de Caxias. O verdadeiro assassino confessou crime. Já sabemos quem matou Simone Prado, e porquê.


-Armando, eu não disse!


-Não. Não foi o Armando.


-Então... Quem foi?


“Já o frio da sombra


Em que não terei olhos”


(Ricardo Reis)

Quando o seu rosto foi fragmentado pelos espaços entre as grades, Ernesto sorriu, amargurado.


Minutos depois, seu primo é conduzido até a sua cela. Mauri encara Ernesto com um semblante torto, aparentando uma profunda vergonha. –“O fechar de olhos, conformado e preso, por dentro e por fora”.


-Gaiola. Jamais me esqueceria de um poema seu. Lembro de cada verso, cada palavra – Completou Ernesto, colando seu corpo contra a grade fria.


-A prisão te corrói externamente. A mim, trancafia qualquer coisa que se possa chamar de alma.


-Não, não fique assim! – Ernesto estende as mãos pelas aberturas, que passam a ser seguras pelas mãos pálidas e sensíveis do poeta – Eu fiz uma escolha. Eu quis te salvar.


-Eu não tenho palavras...


-Guarde as suas palavras para poetizar. É o que torna você ainda mais belo, Mauri.


-Nunca fui belo. Ser ordinário que sou... De paixões corriqueiras, de impulsos juvenis que não combinam com a minha maturidade precoce. Sou uma contradição, infinita contradição!


-Não fala assim...


-Eu não esperava que fosse se entregar. E você fez isso para que não chegassem até mim.


-Eu matei a Simone, não você.


-Mas fui eu quem idealizou o crime. Eu quem te passou todas as informações.


-Eu podia ter me negado a fazer! Fiz porque eu não agüentava mais te ver sofrer por causa daquela vagabunda. Não me arrependo de nada, amor. A noite de amor que tivemos foi a melhor recompensa que você poderia me dar.


-Não me chame de amor. Nunca te amei, nunca correspondi suas intenções pederastas. Você é um ser impuro. Pra você, matar ou cometer qualquer outro tipo de ato que fuja dos mandamentos divinos ou da lei dos homens, é nada. Eu tenho nojo de homossexuais.


-Como tem coragem de me dizer isso agora?! – Ernesto larga as mãos de Mauri – Você e eu, nós tivemos aquela noite de amor!


-Não foi de amor, você sabe disso. Eu apenas cumpri a minha palavra, do trato que fizemos.


-Você brincou o tempo todo com os meus sentimentos... Me usou, se aproveitou deles, pra, pra... Pra realizar sua vingança. Claro, a Simone te dispensou de vez, ela te humilhou! Você ficou transtornado...


-A raiva, o arrependimento... – Ri Mauri, maquiavélico, observando o sofrimento de Ernesto – Aposto que está pensando em me entregar, não?


Ernesto se lança à grade, e com olhar encolerizado, dispara:


-Eu dei minha alma ao diabo por você!


-Dar nunca foi problema para você.


-Desgraçado... Traidor. Eu vou contar toda a verdade à polícia.


-Conte. Não terá importância... Quando eu sair daqui, vou me abismar no escuro mais profundo que existe. Cansei de existir.


-Não, Mauri... Não faça isso.


-Ser punido por outros homens? Não, não. Eu crio minha punição. Já ouviu falar em harakiri?


-Mauri, pelo amor de Deus... Está bem, eu não te entrego!


-Adeus, Ernesto.


-Mauri!!


Mauri saiu pelas ruas, sem rumo. Ora abria sorrisos dementes, ora fechava cenho, em tristeza incomparável. Em desatino, lançou-se no meio do asfalto. O sinal estava verde. Fechou os olhos e abriu os braços diante do primeiro carro que se aproximava. Ouviram-se gritos. Ouviu-se uma colisão.


Seu corpo foi jogado a alguns metros de distância.


A jovem motorista cuspiu no volante o chiclete que mascava e saiu do carro, desesperada. Outro acidente ocorreu atrás do seu carro, devido à parada repentina no andamento do trânsito. Ao deparar-se com aquele corpo estendido no asfalto, a jovem de piercing na língua levou as mãos à cabeça, e gritou:


-Puta que pariu! Matei um cara!


Em estado de choque, Bianca Lucchesi puxa o celular do bolso e disca, com as mãos trêmulas, para o seu irmão.


-Camillo, acabei de atropelar e matar um retardado suicida... Puta merda, foi só eu voltar pra essa porra de lugar que isso acontece! Ai meu Deus, eu to fudida, to fudida, to fudida...


-Calma, Bia, aonde você ta?!


-Sei lá!... – Ela olha ao redor, muito agitada – To na avenida de Caxias, perto da tua casa. Corre aqui!


Bianca desligou o celular e correu até o corpo. A ambulância já estava a caminho.


Bianca se abaixa, e percebe que escorria sangue das narinas da vítima.


-É só um garoto... Só um...


Ela sente uma vertigem, e desmaia ao lado de Mauri. Agora, eram dois a serem socorridos.




Fontes conversava com Lohan a respeito do caso encerrado. Estavam em um bar, comemorando com dois canecos de chopp.


-Que história... Crime passivo! – Disse Lohan, surpreendido - Mas por que ela me disse, pouco antes de morrer, que tinha sido o Armando?


-Ora, ela não conhecia o tal Ernesto. Pela lógica, Simone deve ter imaginado que seu assassino fora enviado pelo ex-marido, afinal, ele vivia a ameaçando.


-Claro... E o Mauri?


-O Mauri disse que não sabia de nada. Só dizia isso, o tempo todo. Imagina o ódio que ele deve estar sentindo desse primo.


Fontes entorna goela abaixo mais uma golada de chopp.


-E a Camila? Sobreviveu, hã?


-Hoje fui lá e disse a ela tudo que estava engasgado. Loira safada.


-Haha, pois é justamente o que nós, homens, adoramos! Loiras safadas! Não?


-Eu que o diga...


Sorriram.


-Eu preciso ir em casa, me arrumar. Hoje é o grande dia.


-Oh, claro, já ia me esquecendo... Como ficou sabendo o local do enterro?


-No jornal, onde ela trabalhava. Lá fui informado, me passei como amigo.


-Eu espero que dê tudo certo. Sua saga está próxima do fim, meu caro andarilho! Andarilho inocentado! Haha, vem, vamos brindar de novo!


Fontes ergueu o caneco, sorridente. Lohan o acompanhou, e os dois brindaram.


“Meu balde exponho à chuva, por ter água.


Minha vontade, assim, ao mundo exponho,


Recebo o que me é dado,


E o que falta não quero”.


(Ricardo Reis)


Quando Bianca abriu os olhos, viu a sua frente uma imagem dócil; uma enfermeira, segurando uma prancheta.


-Eu morri?... – Indagou, tentando se levantar.


-Ei, ei, calma. Permaneça deitada, você precisa descansar. Foi sedada.


-Caralho, eu fui dopada... Isso é contra a lei...


-Você está num hospital. Ficou muito tempo desacordada, sofreu um baque muito grande.


-Baque quem sofreu foi aquele maluco suicida. Ele entrou na minha frente, morreu porque quis.


-O garoto não morreu. Ele sofreu um traumatismo craniano, está sendo operado.


Bianca respirou aliviada.


-Putz... Menos mal. Meu irmão ta por aí?


-Sim, ele já perguntou várias vezes por você. Parece gostar muito de você.


-É... A gente se acertou...


-Seu nome é Bianca, não?


-É, e o teu?


-Rayanna.


-Nome diferente. – Riu-se, entorpecida.


-Quem sabe não seja o nome da sua filha. Se for menina, claro.


-Filhos? Vira essa boca pra lá, ô. Filho só fode a gente.


Rayanna ri da espontaneidade da paciente, e diz:


-Pois então já pode começar a pensar em meios de controlar o seu.


-Eu não sou mãe, não deu pra reparar nisso, “dona enfermeira”? Tenho uma tia sexóloga que vive me enchendo o saco pra usar camisinha.


-Então algum imprevisto ocorreu... Mãe você não é. Ainda...


A enfermeira pausa, e completa:


-Daqui a nove meses, será.


-Hã??


Bianca revira os olhos e desmaia outra vez.




Capítulo 11




“AS CARTAS QUE O DESTINO DÁ”




-Nada é isolado nesse mundo, Lohan. As aranhas são as maiores metáforas da vida, entenda quem quiser entender.


Assim aquela mulher de traços marcantes disse a um jovem que lhe entregava um livro.


O fim daquela tarde, que se diz ocaso, marcou um grande momento na vida de duas pessoas. Apesar de estarem próximas a tudo que simboliza a morte, renegavam qualquer contemplação ao obscuro, e se deixavam levar pelas ondas de um mar vivo; se deixavam interligar seus destinos, suas palavras e atos, como se estivessem toda a vida enclausurados na cela de um instante, à espera daquele instante libertador.


Foi uma catarse mútua, foram lágrimas mútuas.


Ana Beatriz retirou seus óculos escuros, e revelou que ainda tinha um estoque reserva de lágrimas. Seus olhos vermelhos do pranto concedido à irmã tornava o momento ainda mais dramático.


-Eu não acreditava em destino. Agora sei que ele existe.


-Não é assim, Lohan... Certa vez eu li, em algum lugar, não lembro onde... “O destino dá as cartas. Basta você saber o que fazer com elas”. O destino deu a você esse livro. Se você não tivesse tomado nenhuma iniciativa... O destino continuaria não existindo para você. O destino existe para quem recebe e envia as cartas que ele coloca em suas mãos. Eu já enviei as cartas que me couberam. Uni um casal que há anos não se via, Gertrude e Irving. Hoje sou recompensada pelo meu ato. Hoje sou eu quem recebe a carta. Amanhã, Lohan, será você.


Estavam afastados, em um monte coberto por uma grama verde escura – mais escura devido à tonalidade do céu, que era cinzento, e sinalizava uma forte chuva.


O cemitério ficava logo adiante, e de lá podiam avistar os túmulos. A despedida de Karina Shuenck foi serena, assim como ela era em vida.


-Vim de São Paulo para o enterro de minha irmã, e recebo uma lembrança que o meu irmão escreveu-me em vida. Talvez, se ela não tivesse morrido, você nunca teria me encontrado.


-Seria injusto, depois de tanto esforço.


-Injusto...? Há quem você reclamaria essa injustiça? A Deus? Não existe o justo e o injusto. Existe o que deve existir. Foi justa a morte da minha irmã? Ora, se formos pensar assim, claro que não! Mas agora eu sei, agora eu posso entender! – Sorriu, reverberante – Ela morreu por uma finalidade!


-Ele escreveu certo por linhas tortas.


-Já o meu irmão escreveu muito certo. Linhas retas, boa letra. Sempre foi muito inteligente... – Divagava, remoçando os bons momentos de infância ao lado de João.


Pela praia um dia corriam, tinham lá seus onze, doze anos. Afastados dos pais, os irmãos caíram exaustos na areia molhada, e fitaram o céu aberto de sol, sentindo seus corpos serem invadidos por toques leves de mar. De mãos dadas, sonhavam em voz alta.


-Quando a gente crescer, a gente pode morar junto, Bia.


-A gente vai poder ver televisão a hora que quiser... – Riu-se a menina.


-Vai poder abrir a geladeira de madrugada!


-E ouvir discos na maior altura!


-Mas aí tem os vizinhos, né, Bia...


-Não! A gente moraria num campo, bem distante, sabe, assim, bem longe das pessoas. Só eu e você.


-Você jura que mora comigo?


-Juro. Mas... E a Karininha?


-Ah, a Karina faz companhia pra mãe e pro pai. Ela nasceu por último, e quem nasce por último paga o pato!


Riram, riram... Inocentes, flutuantes...


-Eu te amo, Bia.


Ela beijou o rosto do irmão.


-Ele sempre me amou.


Agora, no presente, Ana Beatriz expunha conclusões que ficaram sempre sufocadas em seu peito.


-No seu coração... Você já perdoou tudo o que ele fez?


Ela hesitou, sentiu o rosto molhado, mas agora não só por lágrimas; pingos de chuva despendiam das nuvens. Ela direcionou seu olhar para o alto, e respondeu:


-Eu já te perdoei, meu irmão. Você sabe disso. Você sabe... Eu também te amo.


Fechou os olhos, levou a mão à face esquerda e alisou-a, sentindo-a como se naquele instante tivesse recebido um beijo dos lábios de João. Chegou a sorrir, etérea.


-Vamos, Ana. Começou a chover...


-Deixa, deixa... É ele, ele está me respondendo! É também a minha irmã, eles estão festejando lá no céu! Eles, eles estão dançando, eu aposto! Meu irmão amava dançar!


Ela abriu os braços e um sorriso, e sentiu aquela energia da chuva entranhar em si. Lohan a observava, risonho.


Ficaram ali durante por um bom tempo. Completamente encharcados, sobretudo interiormente; almas límpidas, sensação de missão cumprida.


Isso: sensação de missão cumprida. Missão cumprida não significa abrir caminho para a passagem. Significa uma oportunidade de sentir a razão. A razão de viver.


“Seja qual for o certo,


Mesmo para com esses


Que cremos serem deuses, não sejamos


Inteiros numa fé talvez sem causa”


(Ricardo Reis)


Dois dias depois


Lohan volta ao Sebo, onde tudo começou.


-Tatiana?


Ela estava no alto de uma escada, enfileirando livros no alto de uma estante.


-My goodness!! Lohan!!!


Rapidamente ela desce a escada e vai abraçá-lo. Lohan não compreende aquela recepção eufórica.


-Que bom te ver!


-Eu disse que voltaria pra explicar sobre as lâminas basais, não disse?


-E você acha que eu ia agüentar esperar esse tempo todo? Ne-ver! Catei minhas amigas enfermeiras, e dei um ultimato: ou um livro sobre lâminas basais, ou o fim da nossa duradoura amizade! Dá licença, eu consigo baixar a Soraya Montenegro quando eu quero.


-Soraya Montenegro...? – Sorri, desentendido.


-Lâmina basal: treliça de macromoléculas, funcionalmente importante para a célula. Decorei ipsi litteris, porém ainda nada entendi. Abafe the case, falemos de algo que não seja relacionado a células!


-Ok... Na verdade, eu vim até aqui para te agradecer. Você foi o primeiro elo dessa corrente.


-Que corrente, que isso?


-Do livro. Não se lembra? Eu consegui encontrar a mulher citada naquela dedicatória. Ela recebeu o livro, o livro que você me deu a uma semana atrás.


-Ai, me amarrota que eu fui passada por um ferro Arno Ultragliss Difusion! Sério, Lohan?...


-Parece mentira, mas é verdade. Foi uma longa jornada... Mas consegui.


-Lohan do céu, eu também tenho que te agradecer! Você veio até aqui e me deixou um bilhete, eu tinha saído, mas li o seu recado!


-Ótimo! E você foi até lá, visitar o seu... Ex-bofe rockeiro? – Gracejou.


-Nossa, nem me fale... Eu fui. Que situação estava aquele homem, meo Deos... Eu me senti uma bombeira resgatando o Lord Byron de um incêndio.


-Ele é completamente apaixonado por você ainda. Isso ficou claro pra mim.


-O assunto de vida ou morte dele era, como eu já previa: me pedir pra voltar.


-E...?


-E aí que eu... Eu pedi um time. Preciso pensar, também não é assim.


-Tati, uma vez eu ouvi em um filme de Hitchcock, não me lembro qual agora, uma mulher dizer algo muito certo: quando duas pessoas se gostam, devem se colidir feito dois carros em auto-estrada. Se você gosta do Camillo, não fique pensando muito tempo. Parta para cima!


-É... Por que não? – Disse ela, reflexiva – E você, Lohan? Não querendo ser indiscreta, já sendo, como anda a sua vida amorosa?


Lohan sorri, tímido, e responde:


-Não anda, está aleijada, coitada.


-Nossa!!! Abstraia esse baixo astral!!!


-Não é baixo astral, eu lido bem com essa situação. Por enquanto eu sou carteiro... O meu dia de receber as cartas ainda chegará.


-Filosofia de orkut, abandona essa vida que não te pertence, menino. Olha, eu tenho umas amigas que estão loucas pra desencalhar! Se quiser, te apresento algumas, mas não seja muito exigente, isso é coisa de sargento, honey.


-As mulheres são mais exigentes, acredite... Bem, Tati, agora eu preciso ir. Tenho que repor uma semana de aulas perdidas!


-Meu enfermeiro poeta, que os deuses gregos o protejam!


-E que mais nenhuma dedicatória seja encontrada por mim.


-Oh, eu faço questão de separar todos os livros com dedicatórias e enviá-los para você! Aqui está o meu belle cartão, não repare, está mui lindo, eu sei.


Tatiana entrega a ele um cartão que continha seu telefone, e-mail e endereço do sebo.


-Quando precisar de amigas solteiras ou livros sobre lâminas basais, call me.


-Ligarei. Já você, não se esqueça: colida. Se você ama, colida.


“Choro, que a mim futuro,


Súbdito ausente e nulo


Do universal destino”


(Ricardo Reis)


Após se despedir de sua empregada, a professora Camila bate a porta com dificuldade, girando a chave na fechadura. Apoiada em duas muletas, ela se desloca até o sofá. Sentada, ela apóia a perna engessada sobre uma cadeira próxima. Ofegante, apanha o controle remoto e liga a televisão.


Zapeou vários canais, aleatoriamente. Estava afundada em tédio. Largou o controle sobre o sofá, e apanhou um porta-retrato sobre a mesinha ao lado. Com a sensibilidade aflorada, emocionou-se ao recordar o dia que aquela imagem a remetia.


Estavam em um parque, os dois. Recém-casados, fizeram mil planos. Enquanto assistiam às crianças brincarem, cogitavam um sem-número de nomes para os filhos que iam ter. Lambuzaram-se com molho de cachorro quente, dançaram sob o sol ameno daquele fim de tarde, amaram-se à noite, num leito repleto de pétalas de rosas, aromas orientais, alguma música de Djavan, entre outras delícias que tornam os momentos inesquecíveis, perceptíveis pelo cheiro, pelo toque, pelo som - mesmo que tenham sido vividos há anos.


O som estridente da campainha. O susto fez com que o porta-retrato escapulisse de sua mão, espatifando-se no chão.


-Droga... Quem é?! – Grita, sobressaltada.


Ninguém responde.


-Não acredito...


Irritada, Camila apanha suas muletas e se levanta. Caminha até a porta, e confere o olho-mágico.


Recua um passo.


-Não vai abrir a porta para mim, Camilíssima? – Perguntou uma voz masculina, capciosa.


-O que você quer? O que veio fazer aqui?


-Te visitar... Ou você acha que eu ia perder a oportunidade de te ver na pior?


-Dê o fora daqui, Edson.


-Ah, deixe de bobagem, Camilinha... Abre a porta, vai.


Camila sente-se ameaçada por Edson, que havia lhe jurado vingança devido ao último imbróglio entre os dois. Amedrontada, ela se dirige até a estante, onde avista um estilete afiado. Cautelosamente, ela apanha o objeto e o enfia na bainha de sua calça de moleton cinza, cobrindo-a com a blusa.


-Se você não for embora, eu vou chamar a polícia, ouviu bem?


-Ta com medo, Camila? Medo de mim, por que? Eu é que devia ter medo de você, afinal, você tem uma arma... Será que essa arma está legalizada? Vá saber... Já pensou se a polícia chega e descobre uma parada erradas dessas?


Camila se dirige até a porta, e a destranca. Ao abrir, se depara com um Edson Basílio sorridente, cheio de cinismo para dar.


-Buenas, Camila! Vim autografar seu gesso! – Ri, balançando uma caneta.


-Vai autografar a bunda da sua avó, seu imbecil.


-Hum, até que você me deu uma ótima idéia agora, sabia? Autografar uma bunda... Não vai me convidar para entrar?


-Não. Vem cá, como sabe meu endereço?


-Se esqueceu que ano passado eu te dei uma carona, belezura? Você até deixou eu pôr minha mão na sua coxa...


-Safado, eu me arrependi de ter vindo contigo, depois disso nunca mais. Caça teu rumo. Volta pra sua escola, volta. Quando você sai, aquilo lá vira um pardieiro. Mais do que já é.


-Tirei o dia de folga hoje. Eu mereço, não? Meus funcionários me abandonam, assim eu fico na pior.


-Eu trabalho pro Estado, não pra você. Prefiro morrer de fome a ter que trabalhar pra você.


-Por falar em fome, tem rango nessa casa? Sozinha, desse jeito aí... Bem possível que não tenha nem um arroz. Eu sei cozinhar bem.


-Sai!


Camila impulsiona a porta com uma das muletas. Antes que ela se fechasse, Edson a segura, empurrando-a de volta.


-Eu vou te dar uma comidinha, Camila. Na boca.


Ele entra à força, quase derrubando Camila.


-Ora, vejam só! Um casal de pombinhos no chão da sala.


Edson apanha o porta-retrato quebrado do chão.


-Larga essa foto...


-Quem é, primeiro namoradinho? Não, não... A essa altura esse já deve ter sido o oitavo namoradinho... – Especulava, cínico, enquanto observava a foto.


Camila se aproxima de Edson, e tenta tomar a foto de suas mãos.


-Ei, cuidado! Ta a fim de levar um tombo?


-Como você entra na minha casa assim, seu filho da puta? Dê o fora ou...!


-Ou o que, sua vagaba?!


Edson agarra os cabelos de Camila, agora deixando transparecer seu ódio.


-Me larga.


-Vai gritar, vai? Que vergonha... Uma mulher tão valente que nem você, gritando para o vizinho vir te socorrer...


-Eu não vou gritar. Eu não tenho medo de você.


Edson beija Camila, forçadamente. Ela acerta um golpe em sua costela com uma das muletas. Ele se afasta, levando as mãos ao local atingido.


Aproveitando o ensejo, Camila segue em direção à porta, a fim de escapar. Edson consegue alcançá-la. Agarrando em seu braço, ele a derruba no chão.


-Covarde!... Quer se vingar de mim, quer? Me encare de igual pra igual!


-Desde moleque eu tenho fantasia com loiras de perna engessada. Que tesão.


Edson segura as pernas de Camila e começa a arrastá-la.


-Socorro!!


-Grite, grite mais alto! Vamos ver, pra onde vamos primeiro? Hum...


Edson puxa Camila pelo corredor. Ele abre a porta do quarto, e se anima com a idéia de colocá-la na cama.


-Finalmente, eu vou te comer.


Edson entra no quarto e tenta arrastar Camila para lá. Ela se agarra nas paredes de entrada.


-Será que eu vou ter que quebrar os dedos das suas mãozinhas?


-Por que não me pega no colo? Não me agüenta, seu fraco?


Edson dá uma risada maléfica.


-Era o que eu ia fazer.


Ele se agacha, e mete seus braços por baixo de Camila, criando um suporte para erguê-la. Com esforço, ele a levanta. Nesse instante, Camila, agilmente, puxa da bainha o estilete, o aciona e perfura a veia jugular de Edson com toda a força.


Automaticamente, ele permite que ela caia de seus braços.


Um jato de sangue é ejaculado do pescoço de Basílio, que tenta conter a hemorragia com as mãos. Com o corpo dolorido, Camila não solta o estilete, e assiste à pavorosa cena. Edson tenta proferir alguma palavra, e não consegue. Agonizante, ele pula sobre a professora, e agarra seu pescoço, na tentativa de enforcá-la. O estilete escapole da mão de Camila.


Ela se debate, tenta empurrá-lo, mas ele é mais forte; ele dispõe de toda sua força para matá-la. O sangue espirra sobre o rosto de Camila, que se engasga. Ela tateia o piso, na esperança de segurar o estilete.


Seu corpo estremece sob o de Edson, o oxigênio não é sugado. No último estágio de sua agonia, ela consegue alcançar o estilete, e atinge novamente o diretor, desta vez no rosto, lanhando sua face brutalmente.


Ele solta o pescoço de Camila, que se rasteja, arquejante, já com os lábios roxos, para debaixo da cama. Edson sucumbe, sem ar, e, caído no chão, agarra o pé engessado de Camila, fincando suas unhas no gesso, marcando-o. Ele tenta avançar sobre o corpo dela, que acerta um chute em seu rosto. Resfolegantes, mudos, os dois lutam. Camila consegue se desvencilhar e se protege sob a cama de casal. Edson se arrasta até ela. Uma poça de sangue se desmembra em filetes pelos vãos dos pisos brancos.


Um último gemido, e a morte.


O corpo ficou próximo a Camila, que sai pela outra lateral da cama. Completamente suja de sangue, ela se arrasta pela casa, até a sala. Apoiando-se no braço do sofá, ela consegue alcançar o telefone.


-É da polícia...? Eu, Camila Furtado, acabo de matar um homem na minha casa. De verdade.




"Antes de nós nos mesmos arvoredos


Passou o vento, quando havia vento,


E as folhas não falavam


De outro modo do que hoje".


(Ricardo Reis)


Seis meses depois...


Lohan tomava a barca para Niterói. Estava muito apreensivo. Sentou-se numa das primeiras filas, mirou o olhar na Baía resplandecente de sol daquela manhã. Tentava disfarçar os calafrios. Abraçava-se. Conferia a hora em seu relógio de pulso com constância.


Em outro bloco, havia um rapaz, vestindo uma camisa do Vasco, lendo a página de esportes de um jornal...


-Pior que ter um filho é ter um time na zona de rebaixamento...


Chegando em Niterói, os dois tomaram o mesmo rumo, sem se esbarrarem. Lohan andava a passos largos, bastante apressado. O outro, tranqüilo, ainda parou em um boteco para tomar um café...


Na sala de espera do consultório da Dra. Carla Zeglio, havia quatro machos ansiosos e uma fêmea grávida.


-Até que enfim, pensei que não viesse mais! – Reclamou Bianca, a grávida.


-Calma, amor, ainda nem chamaram... – Apazigua o seu namorado, Mauri Oliveira.


-Grande Lohan, quem diria... – Graceja Camillo, o irmão de Bianca.


-Como vai, Alan? Ops, Camillo!


Lohan aperta a mão do ex-rockeiro...


-Não, agora eu me chamo Yeshua. Yeshua Nazareno. Deus Pai Todo Poderoso me deu um sinal dos céus, Ele me indicou em sonho este nome. In hoc signo vinces!


-Não liga, Lohan. O meu irmão agora é protestante, fervoroso. Trocou os discos do Napalm Death pelos os de Mahalia Jackson...


-Deus é amor. E amor é o que eu sinto. Logo, eu sinto a Deus.


Lohan senta-se ao lado de... Yeshua.


-E o seu romance com a Tatiana?


-Não profira o nome desta ímpia pessoa ao meu lado!! – Grita, enlouquecido – Esta pecadora tentou queimar todos os meus cd’s, que louvam a Deus, que glorificam ao meu Deus! Mas ela vai se curar, ela vai se libertar do pecado, o sangue de Jesus tem poder!!


Os demais contiveram os risos. Lohan não entendeu mais nada.


Os outros dois homens presentes tinham porte atlético, eram ratos de academia.


-Pelo visto não falta ninguém, falta? – Abisma-se o enfermeiro, ao notar a quantidade de seres masculinos naquela sala.


Minutos depois, chega o último candidato a pai.


-Reninho, que demora, hein!


Renner, o jovem com a camisa do Vasco, senta-se ao lado de Lohan.


-Ei, eu te conheço? – Pergunta ele a Lohan, reparando em seu rosto.


Nesse momento, chega uma cliente de Carla...


-Jesus me abana, hoje tem esse time de futebol inteiro na fila?! – Reclama Juliana, dirigindo-se à recepção.


-Não, não... – Sorri a recepcionista – Eles vieram apenas para saberem o resultado de um exame de DNA. Fique à vontade, já vamos chamá-la.


Carla abre a porta do seu consultório.


-Por favor, os meninos já estão todos presentes?


-Já, tia!


-Podem entrar, por favor.


Quatro homens eram suspeitos de paternidade.


Lohan reconheceu Renner.


-Eu também me lembro de você, cara! Te conheci na barca, você ia visitar uma tia, algo assim...


-Pelo o que eu to vendo, viemos visitar a mesma tia naquele dia...


Bianca entra acompanhada de Mauri e Yeshua.


-Bem, eu convidei a todos porque não acho justo, ou mesmo ético, anunciar o resultado de uma paternidade por telefone, ou por e-mail. Os exames foram realizados aqui, há três dias, e o resultado está dentro deste envelope, na minha mão. Aqui dentro está o único exame positivo.


Carla apresenta a todos um envelope branco, lacrado.


-Imagino o nervoso de vocês! Enfim, é chegada a hora.


-Não querem rezar um Pai-Nosso antes? – Sugere Yeshua.


-Não!!! – Respondem em coro os jovens apreensivos.


Carla abre o envelope e lê, em voz alta:


-Compatibilidade com... Roberto Silvério Mota.


-Ah!!! – Vibra Bianca, sorridente – Robertinho da musculação!!! Foi naquele dia, lembra, que transamos no banheiro da academia, foi demais!


Roberto abaixa a cabeça, arrasado. Os demais respiram aliviados.


-Parabéns, papai. Qual o teu time?


-Flamengo...


-Putz, mais um flamenguista no mundo... – Goza Renner.


Lohan se aproxima de Bianca, e a parabeniza.


-Que você seja uma mãe responsável, ouviu bem?


-Com o Mauri do meu lado, impossível não ser responsável. – Ela sorri, abraçando a Mauri, que tinha um aspecto muito mais saudável do que outrora.


-Mauri?... Esse nome não me é estranho.


-Eu sei quem é você, Lohan. Lembro de que foi acusado de ter matado a Simone. Eu também fui. O meu primo se entregou.


-Então é mesmo você! Você é o... Mauri... Que mundo pequeno.


-Não, Lohan. O mundo não é pequeno. Nós é que somos grandes demais, e não notamos isso. Eu só fui descobrir a minha grandeza quando conheci a essa garota. Me joguei na frente do carro certo. Vamos nos casar e ter os nossos filhos.


Os dois se beijam, apaixonados. Lohan fica a observar o casal, e sente um vazio dentro de si... Um vazio em sua grandeza espiritual. “Falta alguma coisa”, pensou.


Naquela noite, Lohan foi a uma Conferência de Enfermagem, da qual tinha sido convidado por um de seus professores. Após uma série de palestras e discussões, o público foi liberado para um jantar. Ao estar saindo do auditório, sentindo-se deslocado no ambiente, uma vez que seu professor engatara em um caloroso colóquio com outros profissionais, ele esbarra em uma linda jovem de vestido preto, derrubando sua pasta no chão.


-Desculpe, eu pego...


-Não, eu pego!


Abaixaram-se juntos. Reconheceram-se imediatamente. Mal notaram que levantavam a pasta juntos.


-Você... Eu conheço você – Ele diz.


-Claro que você me conhece. Tente se controlar, Rayanna – Disse, imitando o modo de falar de Lohan, à época em que dialogaram.


Os dois sorriram, abismados com tal coincidência.


-Caramba, que satisfação te encontrar aqui. Você cuidou do meu braço.


-E você também, ou não se lembra do toque que me deu?


-É, não fosse isso eu estaria aleijado agora, por aí...


Caíram na risada.


-Estava indo jantar?


-Sim, eu preciso comer alguma coisa, to morta de fome. Essas palestras foram um saco, vamos falar a verdade...


-Concordo. Eu vim acompanhando um professor meu, ele já se meteu no meio dos intelectuais, me esqueceu.


-E eu vim representando o hospital onde trabalho. E você, se formou?


-Me formei. Devo ser o enfermeiro mais inexperiente desse lugar. – Riu – Olha a cara daquele senhor, já deve ter aplicado mais de cinco mil injeções em toda sua carreira – Zomba, analisando as aparências dos senhores.


-Ai, você é bobo! – Sorri.


-Rayanna... Seu nome não saiu da minha cabeça.


-Só o nome?


-Tudo começa pelo nome.


-Ou numa mesa de jantar...


Ela sorriu, insinuante. Sua beleza fulgurava aos olhos de Lohan.


-Pois então que tenhamos um bom apetite.


Os dois seguem juntos, e à mesa, iniciam uma animada conversa.


Ao término do evento, Lohan e Rayanna caminham juntos pela calçada.


-Vou parar por aqui, esperar um táxi...


-Foi muito bom ter te encontrado aqui.


-Acho que os nossos destinos estão traçados, não? Daqui a um ano seremos colegas de trabalho do mesmo hospital!


-Não existe destino traçado. Nós o traçamos.


Lohan se cinge seu corpo ao de Rayanna, e a beija suavemente. Ao cessarem o beijo, ela abre os olhos, e parece despertar de um sonho bom.


-Vamos para um lugar especial essa noite.


-Um lugar especial... Eu sei muito bem que lugar é esse, seu espertinho.


-Você raiou na minha vida. Eu não deixar você nas mãos do destino.


Beijaram-se novamente.


E as estrelas daquele céu presenciaram o começo de um grande amor.




“Da lâmpada noturna


A chama estremece


E o quarto alto ondeia”.


(Ricardo Reis)


Complexo Penitenciário de Bangu


-Camila Furtado... Camila Furtado, de pé!... Camila...


Camila desperta de um sono pesado, a um sobressalto. Esfrega os olhos. Seu nome ecoava em sua cabeça. Da janela, raios quadrados de sol invadem sua cela, a qual dividia com outras duas mulheres. Uma policial chamava pelo seu nome.


-Camila Furtado, levante-se. Temos visita.


Antes de sair, Camila apanha um livro, o qual escondia sob seu colchão.


Ela é levada até a sala de visitas. Coxeando de uma perna, seus passos são lentos. Andréa Amaral a esperava, com um pacote nas mãos.


-Oi minha amiga, como você ta?


-A minha cara não te responde?


A expressão pálida e abatida de Camila era digna de piedade. As olheiras, os cabelos gordurosos, a pele áspera... Sua beleza fora encrudecida, apagada. Seu olhar ainda mantinha resquícios de vivacidade, a velha e boa vivacidade de Camila.


Andréa abraça a amiga, que retribui, meio sem jeito.


-Olha, eu trouxe pra você aquele bolo de fubá que você adora, vivia comendo na sala dos professores...


-Obrigada.


-E esse livro, na sua mão?


Camila fita o livro em sua mão.


-O meu livro... “Os assassinos estão livres”, de Camila Furtado. Você já leu?


-Eu...? Não, eu ainda não tive tempo... Camila, você continua escrevendo?


-Pra que? Se ninguém tem tempo.


Andréa fica sem graça.


-Tudo bem, Andréa. Você é uma grande amiga. Nunca vou me esquecer de tudo o que vem fazendo por mim. É a única que vem me visitar, que ainda lembra que eu existo.


-Não precisa me agradecer. Seja forte, Camila. Cinco meses já se passaram, o início sempre é mais difícil, você vai se adaptar, e o tempo passará mais rápido.


-Eu sempre admirei os assassinos profissionais... Hum – Riu-se, amargurada – Sempre me espelhei neles pra criar os meus personagens. Mas eu... Eu mesma nunca tive coragem suficiente para tirar uma vida. Eu sempre fui uma estúpida... Ilusão a minha de matar e sair impune... Meus livros me enganaram. Minha imaginação me trapaceou. A vida real é dose.


-Você matou em legítima defesa, não por vontade própria, Camila!


-Foi por vontade também... Como eu queria matar alguém... E aquela oportunidade era única, Andréa. Por isso me entreguei. O prazer de ser reconhecidamente uma assassina é impagável. No entanto, os dias que vem depois são tão escuros... Tão anônimos... Você vive em meio a tantas iguais a você... E eu sempre quis ser diferente. Diferente.


-Às vezes algum aluno pergunta por você, sabe... As crianças principalmente. Eu digo que você se mudou pra bem longe.


-Não precisa mentir. Eu quero que eles saibam quem eu sou. E o Lohan? Tem tido notícias dele?


-Nunca mais... A última vez que falei com ele foi na época em que você foi presa. Ele nunca mais me procurou.


-Deve me odiar... Ele se enganou muito comigo. É uma pena... Eu sou apaixonada por ele, Andréa. Todos os dias eu penso que ele pode aparecer, do nada... Mas não. Isso nunca vai acontecer. Eu só queria o perdão dele. O tempo está se esgotando, Andréa. Tome, pega esse livro.


Camila entrega o livro na mão de Andréa.


-Na primeira página, há uma dedicatória. Para ele. Entregue-a nas mãos dele.


-Por que?... Esqueça esse garoto, Camila! Caia na real!


-Por favor, faça o que eu to te pedindo. Faça isso.


O tempo acaba. A policial aparece e conduz Camila de volta à sua cela.


-Faça isso, Andréa! Faça isso! – Ela gritava.


Andréa a vê partir, com o livro na mão.


Ao sair da prisão, a professora de literatura toma uma difícil decisão.


Sai pelas ruas à procura de um vendedor de livros. Ela encontra, em uma espécie de camelódromo, um homem vendendo diversos livros, organizados sobre uma esteira, em plena calçada.


-Bom dia, moço.


-Bom dia, dona, vai um livro? Temo livro pra todo gosto!


-Não, obrigada... Na verdade, eu vim doar um livro para o senhor. Um livro de uma amiga minha, Camila Furtado. Eu quero que o senhor tente vendê-lo.


-Opa, mas que coisa boa! Pois eu, em troca, te dou esse livro do nosso ilustre baiano Jorge Amado! Tome, dona, aceite por bom gosto!


-Não, não precisa, eu...


-Aceite, não me venha com desfeita, dona! Tome!


O homem entrega a Andréa “Capitães de areia”, de Jorge Amado. E ela o entrega o livro de Camila Furtado.


-Obrigada! Bom trabalho!


Andréa Amaral segue, em meio à multidão, pensando:


“Chega. Nunca mais quero me envolver nesses casos mirabolantes... Entrego nas mãos do destino. Seja o que ele quiser, e fim de história”.






“Querido Lohan,


A esfinge devorou-se.


O que restou, em seus pedaços,


Já não foi mais desejo,


Foi um amor que até então,


Não me tinha sido apresentado.


Descobri que o ponto de interrogação


Que havia entre nós


Era um bom sentimento,


Que eu aprendi a desfiar


Do meu sórdido retrós.


Tarde demais...


Já que não tenho seu amor,


Peço apenas o seu perdão.


Quem sabe, assim,


Você designe um motivo


Ao pulsar do meu coração”.




Camila Furtado.


                                                  FIM


Uma história de Lohan Lage Pignone,


Dedico a todos os autores s/a


Especialmente, a Ana Beatriz.