quinta-feira, 29 de julho de 2010

Quinta Old Times / Flashback - Apresentação




Flashback
Esse é o tema principal da série Quinta Old Time,

que estreia agora, a partir deste post.









Há meses integrando a The Old Times Band, já ouvi muito sobre que tipo de música seria um flashback, ou sobre o que uma canção precisa ter para ser considerada (dos velhos tempos). Curioso como mesmo entre os membros da própria Old Times acontecem divergências de opiniões quanto ao tema.




Ser música antiga não a define como flashback. Ter sido música de sucesso também não, pois se fossem considerados somente o tempo e as altas cifras do êxito comercial "É o Tchan!" seria flashback. O mais próximo disso? Gretchen, e sua "Conga la Conga", é, amigos, flashback nacional! Mas então quem determina o que é e o que não é flashback? O ouvinte, claro!

Resumindo, toda música flashback é considerada como tal porque marcou uma geração, uma década (de 60 a 90), é música de sucesso, mas antes de tudo, é música que marcou os momentos felizes de nossas vidas. É bem mais fácil entender tudo isso com o ouvido do que propriamente com teoria.



X.

segunda-feira, 26 de julho de 2010

a força da vida


É certo que vou morrer sem nenhum esforço... Pra que me preocupar?
Mas da vida que vivo, das certezas que não tenho, tenho muito a desfrutar...
Olhos felizes, abraços apertados, beijos roubados ou dados...
São tantos os momentos em que posso dizer te amo, rir da sua cara, brincar com a vida...
Deixar viver, me esquecer, deixar pra lá...
Que meu corpo gosta do vento e das marcas do tempo que vejo passar...
Que meu rosto vê outros rostos, não vê nucas porque olho em seus olhos e os vejo brilhar...
Que minha voz fala em seus ouvidos docemente... Assim escolho... Não quero ser surda, quero escutar.
Sim. Quero ver, quero sentir, quero sorrir, quero chorar, quero cheirar, quero tudo e muito mais que a vida puder me dar....
Quero ter sido gente, que dá as mãos, que pára pra olhar...
Quero ter feito o que senti vontade, quero ter em mim o que a morte não leva, não pode matar...
É por isso que canto, é por isso que respiro com você esse ar...
Pra ter sido amor em seu caminho, pra ter tido em mim seu olhar...
Que sentido tem essa vida, além de encontrar, pedaços da nossa alma habitando todo lugar?
A vida tem em si uma força, que extrapola a existência, a memória, o lugar...
Nunca se esquece quem ama... Quem se ama não se pode apagar...

domingo, 25 de julho de 2010

Relógio

O velho não gostava de relógios. Achava que as pessoas não deviam se prender tanto ao tempo. Ele mesmo parecia deixar as horas mais lentas com seu passo vagaroso e seu jeito calmo. Mas mesmo assim tinha um relógio, daqueles de bolso, bem antigos, com uma corrente grossa banhada em ouro. As vezes parava, tirava-o do bolso e ficava a examina-lo por muito tempo.
Um dia, seu neto já crescido pediu para ver a jóia do velho. Examinou-o e olhou desapontado para o avô. O relógio estava parado, talvez a vários anos. Jovem e moderno que era, não entendia a utilidade de carregar algo estragado, logo ofereceu-se para joga-lo fora, comprar um novo, mas o velho não queria. De fato o relógio do velho não era daqueles que servia para ver as horas, mas sempre que olhava aquela bolacha dourada o seu rosto mudava de modo estranho, parecia mais vivo.
No fim das contas o velho ficou mais velho e estava a morrer. Já sem forças para levantar ele mandou chamar aquele neto e ofereceu-lhe o relógio. O garoto já com lágrimas pegou-o e guardou com cuidado, beijou seu avô e ficou segurando sua mão até que ela esfriasse.
Em algum tempo o garoto cresceu, apanhou da vida, bateu um pouco também. E não poucas vezes pegava-se tirando aquele relógio velho do bolso e olhando-o, ainda parado, depois seguindo com o olhar diferente. Apesar de não ter as horas o relógio do velho não era de forma nenhuma inútil, era uma caixa de lembranças, uma daquelas coisas que guardamos para lembrar de quem somos, para onde podemos voltar e para onde devemos ir.
O garoto não tinha muitas coisas do avô, seu andar era dos mais apressados, contava até os segundos do dia, não parava para olhar muitas coisas, mas de quando em quando também pegava aquele relógio, olhava-o e mudava seu rosto, então já sabia o que fazer.

sábado, 24 de julho de 2010

Copa do Mundo da África do Sul: o que ficará para a história?

Olá, amigos!
Na semana passada, participei de um concurso realizado pela comunidade O Livreiro, afiliada do Jornal O Globo. Era o último dia de inscrição.
Era necessário responder à seguinte pergunta:
''Depois do campeão, o que mais entrará para a História da Copa do Mundo da África do Sul?''
Prêmio: O Almanaque dos Mundiais, do Max Gehringer.


Hum... Fui um dos três vencedores!
Decidi compartilhar esse contentamento com vocês, postando hoje a minha resposta aqui no Autores.
Divirtam-se!
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''Depois do campeão, o que mais entrará para a História da Copa do Mundo da África do Sul?''

Além da visibilidade maior à terra de Mandela, e dos seios nada piratas de Larissa Riquelme (Sim, Riquelme foi à Copa em versão feminina e paraguaia), ficará para a História as três maiores “mãozadas” já vistas em Copas do Mundo (tirando a de Maradona, claro! Esta é hors concurs). Vamos a elas!

(Esses são os seios!)


 
(E esse? Esse é o cara!)





- Primeira ”mãozada”: a mãozada da salvação! Não, não foi a mão de Jesus, não. Foi a de Luis Suárez, que deu uma de goleiraço e impediu o gol de Gana nos acréscimos da partida entre Uruguai x Gana, nas quartas-de-finais. Pra completar, o atacante da Gana, Gian, atormentado pelo som das milhares de vuvuzelas nos ouvidos, perde o pênalti e Gana, posteriormente, perde a vaga. Dificilmente veremos isso em outras Copas…






(Segundo o técnico de Gana, foi a mão do demo!!!)

- Segunda “mãozada”: a mãozada da vingança. Em 1966, na Copa da Inglaterra dos Beatles (E dos Rolling Stons too, but… Abafe the case, o Mick ainda está muito abalado, prefere não ser lembrado), aconteceu uma partida um tanto polêmica entre Alemanha versus Inglaterra. A *Jabulation *(Copa da Inglaterra, gente, se liguem) do English Team não entrou, e o árbrito em question validou o gol. Quarenta e quatro anos depois, o árbrito uruguaio Jorge Larrionda resolve assumir as dores dos alemães derrotados, e na partida das oitavas entre Alemanha versus Inglaterra, meteu os pés de Mick Jagger pelas mãos de Kill Bill.

(Mick Jagger, o maior pé frio de todas as Copas do Mundo. Usa esse maldito cachecol no pé, stone azarento!)


 A Jabulani, chutada pelo meia Frank Lampard, entra 33 cm no gol e o gol… O gol fica na história como sendo um dos mais roubados de todas as Copas. Pelo menos na história, né, pois no placar até hoje não se consta. Oh Larrionda, isso que eu chamo de ”meter a mão”! Os ingleses que o digam…


(Que vergonha, seu Larrionda! Ta rindo, é?)

 - Terceira ”mãozada”: Digamos que esta tenha sido a mãozada fabulosa. Uma mãozada dupla, eu diria, uma mãozada escrachada! Dá-lhe Luís Fabiano! O Brasil nesta Copa será lembrado pelas suas mãos, pode ter certeza. E pelos pés de Felipe Mello também, ah, e como! [...] Até o francês Lannoy, o árbrito da partida, viu e pelo visto gostou, pois logo após o gol bateu no ombro do Luís Fabiano e deu uma risadinha, como quem diz: “Aprendeu com o Henry, hã?”


(Se o Brasil tivesse sido campeão, seria sinônimo de glória. Como isso não aconteceu, essa mãozada é sinônimo de vergonha!)

Eis a Copa das Mãos! As mãos negras, brancas e amarelas. As mãos unidas por um mundo em harmonia. E que venha 2014, e que venham os pés, pelo amor de Tupã!



Abraços, Lohan.

sexta-feira, 23 de julho de 2010

A moda (?) no cinema!!!



Buenas, dears autorizados!!!

First, desculpas pela “não-postagem” da semana passada. Estava em um corre-corre tremendo com a nossa viagem a Paraty e, ainda por cima, estou de cama direto (infelizmente no sentido denotativo mesmo, na maior parte do tempo...) por conta de um resfriado matador! Ultimamente, por exemplo, tenho passado as tardes todas tomando chocolate diet quente (é delicioso, melhor que o normal!!!), comendo pipoca e assistindo The Stand – A Dança da Morte –debaixo de uma manta quentinha pra ver se o resfriado passava... Pessoas, a série é o máximo!!!!!! Como a gripe não deu trégua, só levantei do sofá depois de assistir ao último episódio do seriado!


Além disso, ando ocupada com o Thaty Louise (http://thatylouise.blogspot.com), meu blog fru-fru, um espaço pra falar de moda, maquiagem, design, literatura e o que mais me der na telha. Para todos os Autores e as pessoas que não puderam ir ao passeio cultural de Paraty conosco, postarei fotos, prometo registrar e mostrar todos os flashes. E, atencion!!!!! Não serão fotinhas só do Sony Ericsson ou do Blackberry nãããããããão!!! Teremos filmagens e fotos de cams DE VERDADE!!!!

Mas hj, como estou em uma vibe fashion (como sempre!!!) vamos listar a little sobre a moda no cinema!!!!


Yes!!! Uma das minhas paixões definitivas é a moda e outra, o cinema! Bingo!!! Teremos hj um countdown dos estilos em filmes mais influentes para o cinema de todos os tempos, masssss, claro para moizinha, euzinha, Jo misma, i. e., a lista é, como sempre, super pessoal, ok? Postarei os cinco primeiros aqui no Autores S/A e os demais no Thaty Louise... (http://thatylouise.blogspot.com/) Quem quiser saber os demais, dá 1 pulinho lá, ok?



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Desde que o cinema é cinema é sabido que os astros das telonas são ícones de estilo e comportamento e a enorme e milionária indústria da sétima arte sempre procurou descobrir e/ou fabricar atores que pudessem passar essa ou aquela imagem dentro e FORA das telas. Atrizes como Theda Bara, Louise Brooks (minha xará!!!!) e muitas outras tiveram sua biografia quase totalmente forjada por produtores e jornalistas, para que seu passado e seu cotidiano fossem o mais distante possível da realidade, mais glamourosos, mais inspiradores.
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Theda Bara, a primeira Vamp do cinema, cuja exótica biografia,cuidadosamente forjada pelos produtores hollyodianos, inclui seu nascimento no Egito , filha de uma atriz francesa e de um escultou italiano. Além disso, disseram que ela havia passado seus primeiros anos no deserto do Saara, sob a sombra da esfinge (!), mas na verdade, Theodosia Goodman era uma delicada e culta menina de Ohio, que chegou até a cursar dois anos na Universidade de Cincinnati -coisa raríssima mulher chegar ao ensino superior nos anos 10 e 20!!!!


Brüno, o mais novo personagem do genial Sacha Baron Cohen, como bom candidato a celebridade, tratou logo de trocar seu IPod por um bebê, fofo demais, por sinal!!!!!!
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Mas, claro, não estou aqui pra cutucar ninguém hj, estou boazinha (ironia detected!!!!!) demais... Portanto vamos falar dos dez mais agora, now!!!!!

Calma, pessoal, eu sou boazinha, an angel, ok?

Wells, o glamour encanta e, por mais que pareça surreal, muitas pessoas compram quase absolutamente tudo do mundo do entretenimento. Yes, tudo! Não só o visual, o estilo dos personagens, mas a vida dos atores, o que eles comem, o que “pensam” e, sobretudo a imagem que querem transmitir para o público em geral. Vc acha que sou cruel? Afff... E por que vc acha que tantas atrizes adotam crianças? Com certeza não é devido a um surto de maternidade iluminada.




10. Abrindo nosso countdown... Temos alguém que seria muito, mas muito óbvio colocar em primeiro, já que o universo interplanetário inteirinho a considera uma verdadeira fonte de inspiração na moda, comportamento etc e tal.



Audrey, Audrey, o poder no cinema!!!!!


Eu ainda não decidi se amo (brinks, claro q AMO!) a magrelinha de pernas finas que abalou o conceito das mulheres cadeirudas e de pernocas grossas no cinema dos anos 60 e 70 justamente porque desconfio que foi aí que começou a associação/equação: magreza = beleza e elegância. Aí, depois, ferrou, néam? Twiggy, pop art e todo mundo tem de ter ossinhos aparecendo pra estar in!


9. Blackspoitation!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Esse tipo de filme ditou moda anos 70 a perder de vista. Música, estilo, gingado, tudo!!!!!

Pessoas, O poder: Pam Grier. Nojenta de tão linda e chick. Voltou ao cine nos anos 90 muito bem homehageada por Tarantino (um fã incindicional!) como protagonista do filme Jack Brown.





Shaft, clássico do Blaxpoitation, em versão viantage, com Richard Roundtree e "anos 2000", com Samuel L. Jackson.



8. Maria Antonieta!!!!!!!!!!!


Sem mais delongas:

A história de Antoniette + direção da chiquetésima Sofia Copolla + trilha sonora uau+ overdose de pink no figurino = SUCESSO FASHION NA CERTA!




7. Heroínas no cinema!!!!!!

Látex e/ou bikinis apertadíssimos, cabelo babado esvoaçante e maquiagem sempre on!





Acreditem ou não, Xuxa se vestia ASSIM no seu programa DIARIAMENTE!!!!!!! A sua grife de vestuário infantil, O Bicho Comeu, vendia tal qual coca cola no deserto e réplicas do estilo Xuxa abarrotavam das arara de lojas populares às bancas de camelô!!!

6. Os mullets no cinema!!!

Sim!!! Até porque durante os anos 80 esse corte de cabelo foi um verdadeiro personagem do cinema e enfeitaram (?) quase todos os movie stars e astros do rock nessa época! De volta para o futuro, Quero ser Grande, Garotos Perdidos, Curtindo a Vida Adoidado e quase todos os clássicos dos anos 80 tem o clássico mullet.


César: Até tu, Patrick Swayze, meu filho?


Tão lindjus!!!!!!!!!!



Rambo era como Sansão, o poder estava no mullet!!!!!

Macgayverrrr também!!!!

5. A rebeldia!!!


Sem dúvida um item ETERNO!!! Jaqueta (de preferência de couro), motos, jeans, um estilo meio largado, mas milimetricamente calculado para exalar sexualidade e virilidade!


James jean: o protótipo rebelde.




Bjocas e até o próximo post!!!!






quinta-feira, 22 de julho de 2010

Crepúsculo é moderno, Roberto Carlos é brasa, mora?


Buenas, Leitores Autorizados!
Post de hoje:
O Crepúsculo (Decadência)
Conversando com uma amiga de apenas 21 anos, ouvi sua queixa a respeito de um rápido embate (choque, encontro violento) que remeteria ao bem conhecido conflito de gerações se este não tivesse ocorrido entre minha amiga e sua colega de 19 anos, na faculdade onde ambas estudam. A adaptação para o cinema da saga literária Crepúsculo foi o motivo da breve contenda (discussão). Ao anunciar seu contundente (incisivo; nada a ver com o dente) desgosto pela série, minha amiga ouviu a colega, “bem mais nova”, cobrar-lhe uma postura “bem mais” moderna, principalmente quando a mais velha das duas (senil praticamente) citou Anne Rice. “Entrevista com o Vampiro? Você é velha, isso não é do meu tempo!” – argumentou a jovem de 19 anos. Obviamente que tal discussão é sempre um desperdício de energia, porém, é relevante considerar que a aniquilação (destruição) da cultura (conhecimento transmitido de geração a geração), e do passado histórico, nada disso é fenômeno recente. Um exemplo: em Admirável Mundo Novo (Brave New World), romance de Aldous Huxley, publicado em 1932, os personagens civilizados, que não habitam a “reserva dos selvagens”, vivem alheios à cultura, sem perspectiva histórica, e sem o direito de escolher sobre o que pode e o que não pode ser conhecido.-


Enfim, o livro mais careta é o que não pode ser lido. O filme mais careta é o que não pode ser visto, e a música mais careta de todas é a que não pode ser ouvida, sobretudo quando usam a fim de justificar ignorâncias a impagável citação “não é do meu tempo.” Existe frase mais careta?
Refletindo sobre a conversa que tive com minha amiga “senil” (velha, decrépita) de 21 anos, pensei nas tantas e tantas vezes que essa espécie de conflito acontece em relação à música que ouvimos. Então o que terá sido de mim, já que sou um grande apreciador de música medieval e renascentista – escolas que não estão, curiosamente, na categoria de “música clássica”, mas “antiga”. Clássica é só da música barroca em diante. Vai entender... Tielman Susato era da renascença, Mozart e Rossini clássicos (do classicismo), Bach e Vivaldi barrocos, Beethoven e Brahms românticos. Mas quem sou eu? Uma espécie de Romêutico descongelado nas últimas décadas do século XX? -




De uma coisa eu sei, o romêutico Roberto nunca foi meu ídolo; fato que nunca me impediu de revirar a coleção de vinis (mídia anterior ao CD) da minha tia-avó (fã do RC) a fim de encontrar alguma canção que me agradasse. Sempre fui curioso, por isso não resistia à ideia de ouvir coisas novas – novas para mim. Além disso, alguma coisa Seu Roberto deveria ter que me agradasse. E tinha. Encontrando, eu escutava a música, sem constrangimento. E eu lá queria saber se era ou não do meu tempo?! Na saída do Jardim Escola (creche) eu ficava esperando minha mãe na casa dessa minha tia-avó, fã do Roberto Carlos, e enquanto esperava eu ouvia, nem que fosse só ali, e só naquele momento. Falando Sério, A Guerra dos Meninos, Amante à Moda Antiga, Meus Amores da Televisão, As Baleias... Eu mesmo colocava o vinil (disco) na vitrola (aparelho que reproduzia o som gravado nos discos, ou Lp’s, ou Long Plays). Deleitava-me quando a agulha era por mim cravada no sulco da bolacha sonora. Era incrível deixar o braço da vitrola livre e sentir a haste onde lá embaixo ficava a agulha (de safira ou diamante) amortecer todo o peso, e logo depois ouvir os chiados, um segundo antes de ser reproduzida a introdução da música. Saudosista, eu? Talvez, mas que adianta categorizar? Eu faria até uma serenata (música para ser executada à noite, ao ar livre) cantando a bela Canzone Per Te.

Afinal, devo ser mesmo uma espécie de Romeu criogênico, mas que não perdeu com os séculos nada de seu espírito caloroso e apaixonado. Pois nenhuma serenata (por não ser coisa do meu tempo) me roubaria a juventude, uma vez que não existe nada menos careta do que se apaixonar. Enfim, música é como o amor, isto é, seja de que século for pertencerá a todas as gerações, pertencerá a todos os tempos, pertencerá a todos.
- --




IX.

terça-feira, 20 de julho de 2010

Fotografia



Singela fotografia,

Em que revelo a ti meu desejo

Descortino meus pudores

Falo contigo, todavia não o vejo.

Minha presença-ausência

Que mais parece um castigo...

Enquanto nela me calo,

Meu corpo fala contigo

Sei que há de gastá-la

Com estes olhos que eu desconheço.

Há de despir-me,

Virar-me do avesso

Fotografia rasa,

Quase incolor.

Aos teus olhos rara.

Carmim, da cor do amor.

Sentimento irrevelado,

Todavia manifesto.

Mais que imagem,

Um aceno, um gesto.

Todo meu sentimento

A lente não pode captar.

Mude o foco, olhe pra si mesmo,

Dentro de ti eu hei de estar.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

DEIXE-SE AMAR

Deixe-se amar
Seja no inverno ou verão,
Aquecer o meu coração
Com o teu amor
Que chega devagarzinho,
Como passarinho pedindo ninho,
Aos poucos me toma de corpo inteiro.
Um abraço tamanho planeta,
Um beijo como aguardente
Que faz o meu corpo reviver,
Um olhar fininho, porém penetrante,
Mudo, mas que diz tudo...
O coração a mil, parece que não vai agüentar,
A corrente sanguínea nunca trabalhou tanto,
Tudo parece um sonho...
Deixe-se amar...
Ao meu lado, no parque,
Na estação, na fila,
No escuro do cinema,
Sua voz entranha em mim,
Como o ar que preciso para viver,
Com tanta suavidade, carinho e malicia....
Deixe- se amar...
Eu quero amar!

Vamos brincar?

imagem da internet
E eu que ando revirando meus tempos, meus feitos e meus significados, E que feito criança estou aprendendo de novo a ser feliz na simplicidade, aqui estou... Para compartilhar o que andei ouvindo e pensando, o que estou arriscando, experimentando... Vamos andar descalços? Vamos dançar? Vamos brincar? Vamos beijar? Vamos abraçar? Chorar lágrimas de amor e gozo? Sorrir aberto, vasto, largo, com a alma e todo o corpo?

Beijos, muitos beijos,
Claudia Chaves

Aprendendo com Viviane Mosé... Muito lindo tudo isso!...

domingo, 18 de julho de 2010

Pra sentir




Preciso de um lugar seguro.
Pra guardar as memórias...
Embrulhar com muito cuidado o último beijo...
Etiquetar os sorrisos
E dar nome aos sonhos.
Uma junção de organização
E sentimento.
Talvez uma caixa bem grande pra guardar os ‘nãos’,
Pra tomá-los como lição apenas
E nada mais.
Preciso de uma limpeza
Para tirar as lágrimas secas do rosto,
O resto de batom
Ou o rímel que ficou da última festa.
Preciso de uma música para embalar esse processo
De aprender a ser eu,
De me adequar à roupa nova,
Sentir seu cheiro
E me acostumar ao seu toque.
Uma melodia doce que sinalize dias de sol,
Pausa
Pra chover
E fazer germinar o que será.
Preciso de uma lista
Desorganizadamente feita
Pra eliminar tristezas por nada
Compromissos pra nada
E pessoas de nada.
Preciso de uma forma nova
De encarar velhos sentimentos,
Aprender novamente
A ser assim,
Só eu...
Mas ainda ser tudo que eu preciso...
Pra sorrir
E fazer sorrir.
Pra falar o português que quiser,
Pra cantarolar músicas antigas
Como se fossem a última novidade.
Pra não perder tempo,
Pra não perder sorrisos, fotos e cheiros...
Preciso de um lugar seguro
Pra sentir.

sábado, 17 de julho de 2010

Perdoe

Perdoe pelo não falar,
Perdoe pelo falar demais,

Perdoe por tirar sua paz,

Perdoe pelas lágrimas por ti derramadas,

Perdoe pela infantilidade,

Perdoe por ter ligado na hora errada,

Perdoe por não ter ligado,

Perdoe por ter desligado,

Enquanto falavas,

Perdoe pelo exagero,

Perdoe pela cara amarrada,

Perdoe pelo meu ciúme,

Perdoe pelo meu costume,

De lhe dar “chatadas”.

Perdoe pelas flores,

Que não te dei,

Perdoe pelo caos,

Que na sua vida causei,

Perdoe pela amizade desmanchada,

Perdoe pela minha inocência disfarçada,

Numa mente brilhante.

Perdoe pelo diamante que não pude comprar,

Perdoe pelo drama que te constrangeu,

Perdoe pelo coração que doeu,

Perdoe pela ausência do meu eu

Perdoe pela chegada do meu eu

Na sua vida

Perdoe por te amar

Com toda força da minha vida

Perdoe pela minha ilusão,

Cuidadosamente esculpida;

Namoro, casamento, filhos...

Perdoe por ter sonhado demais, querida.

Perdoe por ter escolhido você,

A mulher do meu sempre,

Perdoe por chorar, todas as noites,

Essa enchente...

Perdoe por eu ser gente,

Antes fosse um bicho, sem sentimento,

Sem a capacidade de amar,

Sem poder revolver minhas entranhas,

Com esse corpo que habita em mim e se chama amor.

Perdoe por me aproximar,

Pelas minhas grosserias,

Que nada mais são do que os sintomas

De um amor não aceitado, rejeitado,

Enclausurado dentro do meu peito,

E que me mata lentamente,

Sem poder se libertar,

Sem poder seu coração tocar.

Perdoe pela sinceridade do meu último dizer:

Eu amo você.

(O poema que fiz aos prantos. É seu, e sempre será,
                                                                           Lohan).

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Piano


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Play
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Buenas, leitores Autorizados!-
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Apresento enfim a terceira tribo que constitui a Nação dos Não-Música, a última que merece algum destaque. A família em questão se divide em duas subcategorias: a dos que não ouvem música, porque não gostam (ou não se importam); e a dos que tem pavor de ouvi-la.-
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Enquadram-se na última os indivíduos que têm medo ou aversão à música, os melofóbicos. Mas a respeito deste subtema, meus leitores merecem uma investigação mais precisa.
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Quanto à primeira subcategoria, minha avó paterna (falecida há alguns anos) foi a única representante que conheci. Impressionava-me aquela criatura de cabelos brancos, curtos e moderadamente cheios, senhora altiva, impassível diante de seu radinho azul e branco, enquanto trabalhando na cozinha fritava algum bolinho, ou batatas-fritas. Aliás, o som crepitante do óleo fervente era o que mais se aproximava de musical para os ouvidos de minha avó Não-Música. No rádio à pilha ela ouvia programas de variedade, desses típicos, com horóscopos, boletins policiais, canções populares, orações... Canções? Mas ela ouvia música? Sim, uma vez que minha avó fazia parte da primeira categoria, ou seja, não sendo melofóbica ela poderia ouvir e não mudar de estação. Porém, jamais a ouvi nem mesmo assobiar qualquer das melodias sintonizadas em AM. Jamais a ouvi comentar sobre seu gosto musical, sobre algum cantor ou alguma canção que tenha marcado sua vida. Em suma, não tenho lembrança alguma de minha avó aos cantos pela casa.
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Caubi Peixoto & meu avô Paulo

Ao contrário de minha avó, meu avô paterno era musical. Antes de se tornar dentista, escreveu novelas para rádio e por lá se encontrava com personalidades como Caubi, entre outros. Pecado não haver nenhum registro, mas eu até (!) já estive no colo de uma das divas da era do rádio (Cachito, eu?) colo que minha mãe conta ter sido da Emilinha Borba (1922 – 2005), esta, que por sua vez fora cliente do meu avô dentista. Bem, isso talvez não tenha muito a ver com as minhas preferências musicais, contudo, meu gosto pela música, assim como por todas as artes, jamais se limitou a um único gênero ou estilo.
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Moonlight Sonata, de Vladimir Kush


Ainda na casa de meus avós, recordo-me do piano encostado num canto da sala. Eu devia ter uns três ou quatro anos, quando pelo menos uma vez por dia a porta de acesso à grande sala da casa dos meus avós era aberta por mim. Escondendo-me por detrás de uma cortina eu contemplava o suave, melodioso, mas também forte instrumento de percussão, sobre cujas teclas desejei me debruçar, correr meus dedos ágeis e sedentos por todas as oitavas, impetuosamente, e todo meu corpo pequenino indo de um lado para o outro. Meu traseiro saltitando na cadeira meio desparafusada poderia me fazer cair, mas então que eu levasse um tombo. Mágoas mais profundas já martelavam os dentes brancos e os pretos do pianoforte, instrumento pronto para todas as emoções. Piano é suave, fraco; forte é... Isso mesmo. E ainda havia os pedais! Não sabia para que serviam, mas pisaria neles também.




Ali, atrás da cortina, era como se eu já soubesse que daquele instrumento precisaria até a morte, pois sobre ele eu lançaria frustrações, toda raiva e incompreensão, alegria, saudades e a única razão pela qual ainda não tenho um sorriso pleno e constante: meus amores que nunca ficam, que no final, mesmo harmonizando-se com minha imensa capacidade de amar, ainda assim me escapam, e rapidamente.
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Voltando a minha infância, embora tenha precisado daquele, não corri em sua direção. Mas como eu queria cruzar a sala de meus avós e violentar aquele corpo musical, socar com meus dedinhos tristes cada tecla, nota, semitom, fazer barulho para que ouvissem a dor que ainda nem havia experimentado. Mas tive medo de levar uma bronca, pelo “violento abuso” (pleonasmo?) Meu avô tinha muito ciúme de suas coisas, mesmo que ele não as usasse. Como eu acreditava nisso, não cruzei a sala, não me sentei ao piano, não destruí mágoas futuras. Cresci como um Beethoven sem ouvido. Sem o gênio. Só com a carranca e os cabelos desgrenhados.
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Ainda tinha três ou quatro anos, quando voltei à cortina para ouvir a música muda que ecoava por todo meu coração. Achei que estivesse cego, pois o piano não estava mais na sala. Puxando a barra do vestido de minha avó, perguntei a ela onde estava a música. Em lugar algum que estivesse ao meu alcance. “Seu avô vendeu o piano.” Foi minha primeira lição de vida. Não deixe o que você tanto deseja ir embora, nunca tenha medo de tentar. Anos depois, na universidade, minha insatisfação maior foi a timidez, um problema que me impediu nos primeiros períodos de tomar iniciativas simples como convidar uma garota para sair. Repetiu-se a história do piano. Ainda não havia aprendido.
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Porém, nos semestres seguintes, minha timidez foi deixando de ser um problema e, consequentemente, passei a abordar as garotas sem qualquer medo de ser rejeitado. Além disso, a vida me deu a chance de um grande reencontro: e a partir dele tive a certeza de que estou aprendendo a viver melhor. Descobri que sou forte. Estou aprendendo a não precisar dos pianos.
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Reencontrei-me com a música.
Hoje tenho uma superbanda:

The Old Times Band--


Dedico esse post aos meus amigos (Autores), Tatiana (superamiga) e vocês que por enquanto só vi por fotos: Andréa, Camila e Lohan.


The piano, de deadly-sinful
(Deviantart)

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□ Stop □
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Grande abraço a todos!
Até a próxima!

E ótima, muito boa, sensacional viagem a todos os Autores S/A que vão pegar a estrada. Pena, pena, pena, sinto tanto não poder estar com vocês...
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Camillo
Landoni
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VIII.